UMA RECEITA QUE CHEGA DE MEADOS (PELO MENOS) DO SÉCULO XIX.
A variedade desta "Tijelada gulosa" é que não é tão doce quanto a maior parte por ter aguardente de medronho. Isto porque a receita vem de tempos muito no passado de uma família - a minha bisavó mãe da minha avó materna - que tinha inúmeros medronheiros onde, todos os Invernos, fazia aguardente com o alambique que estava guardado nessa propriedade multifacetada, com castanheiros, oliveiras, sobreiros e azinheiras numa mistura pouco usual, na "Charneca", bem próximo da Salavessa, o outro povoado pertencente à freguesia de Montalvão.
Esta "Tijelada" menos doce e mais equilibrada que as habituais é para mim a melhor de todas as que já provei. Era um doce considerado caro, por isso em batizados e casamentos apenas era consumido, respetivamente, na mesa dos pais e noivos, ou seja, na dos padrinhos e madrinhas.
8 ovos
Açúcar (500 gramas ou duas chávenas)
Leite (um litro)
Farinha de trigo (uma colher de sopa)
Canela (uma colher de chá)
Aguardente - se possível - de medronho (quatro colheres de sopa ou um cálice)
Confeção:
1. Ligar o forno para aquecer o pequeno tacho de barro onde se irá cozer o doce;
2. Colocar noutro recipiente maior (se possível de barro) os oito ovos e bater muito bem até poder juntar as 500 gramas açúcar e uma colher de chá de canela continuando a bater;
3. Juntar a colher de sopa de farinha de trigo continuando a bater, adicionando as quatro colheres de sopa (ou um cálice) de aguardente de medronho;
4. Adicionar o litro de leite e bater tudo até ficar a massa bem misturada;
5. Untar de azeite o interior do pequeno tacho previamente aquecido colocando neste o batido feito no outro tacho maior;
6. Levar ao forno durante 40 minutos;
7. A boa "Tijelada" é a que ao servir está aguada por baixo. Com esse caldo não é seca, por isso fica mais agradável ao degustar.
Assim se foi construindo Montalvão (aproveitando o que havia de bom... fazendo bem)
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