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24 março 2022

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Senhor António Falcão 120

24 março 2022 0 Comentários

UM VALOROSO CIDADÃO MONTALVANENSE QUE MUITO HONROU MONTALVÃO.


Há 120 anos, a completar pela uma hora da manhã de 24 de março, em 1902 nasceu em Montalvão, na rua Direita, em casa do Padre Virgílio Diniz d'Oliveira, António d'Oliveira Falcão que teria uma vida cheia de serviços prestados à Comunidade, quer como comerciante, quer como tesoureiro de algumas instituições e Montalvão nunca se caracterizou por ter um forte associativismo, mas quando era necessário um tesoureiro era certo e sabido que seria escolhido o senhor António Falcão pela confiança que todos tinham dele e reconhecimento para com ele. Há montalvanenses, em 700 anos de existência do povoado, que se distinguiram por terem feito uma obra de determinado valor. O senhor António Falcão distingue-se pela abnegação e altruísmo com que viveu toda uma vida na sua aldeia natal. Faleceu em 5 de maio de 1984, aos 82 anos. 



O padre Virgílio, também figura grada montalvanense - não sendo natural da «Vila» - e pelo qual sempre houve um grande apreço em Montalvão, aperfilhou-o em 26 de abril de 1912, com pouco mais de dez anos, depois da Escola, no final da adolescência tornou-se comerciante com loja junto à Praça da República, com fama de bom gosto, sabendo adquirir tecidos e retrosaria que faziam as delícias das «catchópas» da povoação, sem necessitar de recorrer a tecidos contrabandeados de Espanha. Em 22 de abril de 1929, casou-se, aos 27 anos com um "ratinho" - nome carinhoso com que os alentejanos do Alto Alentejo designavam os vizinhos da Beira Baixa, vindos da outra margem do rio Tejo - de Castelo Branco (Senhora Maria José) num casamento com dois filhos, uma rapariga (Fausta Barata Falcão, nascida em 1930) e um rapaz (Virgílio Barata Falcão, nascido em 1932). Enviuvou aos 77 anos e dez meses, em 16 de janeiro de 1980. Estes são dados biográficos resumidos pois o que importa referir é o contributo cívico para Montalvão e para os montalvanenses.




Sempre que havia qualquer iniciativa que necessitasse de um Tesoureiro era ele o escolhido. Não havia dúvidas quanto à sua frugalidade e esmero na contabilidade, num tempo em que escasseavam as finanças e abundavam os problemas. Foi logo o Tesoureiro da Direção, dos primeiros Corpos Gerentes da Casa do Povo, em 13 de janeiro de 1942, aos 39 anos e dez meses. Com a passagem para o novo edifício, em 10 de setembro de 1952, manteve-se numa fase importante pois foi construído um "edifício de raiz" passando depois a Escriturário, acumulando contabilidade com tesouraria, durante dezoito anos, entre fevereiro de 1955 e janeiro de 1973, ou seja, quase com 71 anos. Aquando da existência do efémero "Clube Montalvanense" - primeiro na rua do Outeiro e depois na rua da Barca - também foi o responsável pelas contas. Tantos anos e sempre tudo a "bater certo" valeram-lhe uma aura de honestidade que marcou a sua existência como montalvanense. Depois do falecimento da esposa afastou-se fisicamente, deixando ao seu filho alguma responsabilidade como festeiro, algo em que o senhor António Falcão ocupou anos a fio para assinalar a homenagem a «Nossa Senhora dos Remédios» e a mais dois ou três dias de folguedos numa povoação fustigada pelas dificuldades económicas da esmagadora maioria dos seus habitantes.


Sempre tive um enorme respeito por ele e admiração pela sua conduta, isto porque o meu avô materno tinha o desplante de me dizer: «Em Montalvão, honesto mais honesto que o Senhor António Falcão não há»! Perante o meu espanto, pois considerava o Ti Zé Caratana honestíssimo, ele respondia (ou respondeu) quando o questionei: «Mais que o avô?» Resposta seca mas elucidativa: «SIM!».


Em tempos sociais e políticos conturbados, após 25 de abril de 1974, com o afastamento do Regedor - indicado durante o Estado Novo pelo presidente do Município de Nisa - numa reunião na Casa do Povo, foi escolhido para presidir a uma Comissão Administrativa até às primeiras eleições Autárquicas, em 12 de setembro de 1976, o senhor António Falcão, já com 75 anos.


Completando-se, hoje, 120 anos não podia esquecer o contributo que este montalvanense deu para que uma comunidade que vivia com tantas dificuldades, pudesse ter um pouco mais de conforto (loja) e menos preocupações (tesouraria de instituições que tinham que contar os tostões).

Obrigado, senhor António d'Oliveira Falcão. Descanse Em Paz.

NOTA: agradecimento aos seus netos que disponibilizaram fotografias, a meu pedido, confiando em mim

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