EM SETE SÉCULOS DE MONTALVÃO É MULTIPLICAR POR QUATRO OS POETAS MONTALVANENSES.
Em média, há um rimador por geração (25 anos) parece-me a mim! Três gerações:
CRISTINA MIRA LUÍS
MONTALVÃO É UMA ESTRELA
Montalvão é uma estrela
Lá no céu a cintilar
Bem jovem fui conhecê-la
E acabei por lá ficar
Cheguei criança inocente
E a "Vila" fez-me crescer
Viu-me ser adolescente
Depois tornar-me mulher
Estudei sempre por perto
Trabalho tentei conseguir
Para família e um teto
Neste concelho construir
Até hoje não me arrependo
Piso o chão que me criou
A terra onde ainda aprendo
E me fez quem hoje sou
Para sempre serei presa
Com os laços do coração
Da indescritível beleza
Da "Vila" de Montalvão
Pela manhã o sol abraça
As paredes brancas de cal
Ouve-se a voz de quem passa
Nesta aldeia especial
À noite é ainda mais bela
Iluminada pelo luar
Montalvão é uma estrela
Lá no céu a cintilar
ANTÓNIO DA GRAÇA HENRIQUES
TERRA ACOLHEDORA
Minha terra é pequenina
Mas é muito acolhedora
As suas Ruas estreitinhas
Vão ter à Corredora
Nesta linda terra nasci
E adorava viver
Parti para outro lugar
Estou morto por te ver
Em breve vou visitar-te
Por ti tudo farei
E nesta linda Praça
Com meus amigos brinquei
Hoje tudo é diferente
Não há meninos para brincar
Noutros tempos eram muitos
Brincando neste lugar
Jogávamos ao espicho
E também ao botão
Brincávamos com as caricas
E também ao jogo do pião
ANTÓNIO JOSÉ BELO
(falecido; morador na rua Direita, gaveto com a Ruínha de Cima, empalhador de «cadêras»: Ti Zézana; ensaiador das Contradanças)
O MEU FATO
Já tenho fato p'rá festa
Tenho outro p'rá semana
Eu tenho um fato de banho
E ainda o fato da cama
Tenho umas meias sem canos
Sapatos sem calcanhar
Para quando me vou deitar
Umas chinelas sem pano
Umas calças por engano
Já sem estopa nem aresta
É tudo o que me resta
Para brincar ao Carnaval
Para a Páscoa e Natal
Já tenho fato p´rá festa
A camisa de flanela
Foi-me oferecida p'rá tropa
Eu tenho um par de botas
Uma é preta outra amarela
Tenho um cinto sem fivela
Que faço muito empenho
Tanto fato que eu tenho
Nenhum por mim foi provado
Todo roto e esburacado
Eu tenho um fato de banho
Um chapéu de copa alta
Com a fita cor-de-rosa
Que eu apanhei na lixosa
Por me fazer muita falta
Um plover que ressalta
Com rosas à Mexicana
Eu tenho uma canadiana
Com pouco pelo na gola
Um fato p'rá jogar à bola
Tenho outro p'rá semana
Tenho casacos usados
E tenho um bom blusão
Eu tenho lenços de mão
Alguns já aproveitados
Capotes apresentados
Tenho dois e um pijama
Tenho gravatas de fama
Tenho um fato que me deram
E outro que não quiseram
E ainda o fato da cama
E o enorme poeta montalvanense!
CARLOS ALBERTO LUCAS SILVA
Continua, em breve, pois há muito para poder continuar...
0 comentários blogger
Enviar um comentário