Planta generosa esteve no centro da sobrevivência dos montalvanenses durante séculos.
O «Anel de Olival» a rodear Montalvão |
As oliveiras mais antigas estão mais próximas da povoação |
Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar) |
Quando a pressão humana (e a fome) eram elevadas chegou, mesmo, a ser plantada nas "Barreiras do Rio", ou seja, na vertente da margem esquerda do rio Sever, o que faz com que, devido à inclinação dos terrenos e solos esqueléticos, pareçam mais arbustos que árvores.
A Oliveira é tão generosa que tudo dela se aproveita:
1. A sua sombra e proteção todo o ano pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;
2. Os frutos (azeitonas) servem para produzir azeite - utilizado como iluminação ou como óleo vegetal (para cozinhar ou temperar) - mas também para acompanhamento às refeições, "arretalhadas" com sal (depois de umas quantas - seis no mínimo em três dias - mudas de água) ou de conserva (em água, óregãos, loureiro e sal);
3. As folhas utilizadas para cobrir chão da furdas (pocilgas) e fazer chá (em desuso, entre os montalvanenses, no século XIX e seguintes);
4. A madeira é "dócil" em ser trabalhada por isso mais para marceneiros que carpinteiros, mas utiliza-se principalmente para ser queimada como aquecimento ou para cozinhar.
Uma da oliveiras mais antigas do Mundo com 3 352 anos |
Este blogue irá acompanhar o "Ciclo da Oliveira" com quatro publicações por ano, utilizando uma nobre oliveira de Montalvão.
A. Verão - Início da frutificação e crescimento da azeitona;
B. Outono - Amadurecimento e apanha (publicado em 1 de dezembro de 2019) com a evolução dos Lagares pela aldeia (ver imagem por baixo do pequeno vídeo) e o modelo artesanal em separar o azeite do resto. O modo de ripar as azeitonas com escadas e "panales"; Separar as folhas das azeitonas; juntá-la em "tulhas" e acondicionar o azeite em potes de zinco; e talhas de barro pezgadas por dentro para a azeitona de conserva.
Quanto ao bagaço. Uma parte ficava no lagar. Outra parte ia para uma tulha e servia para alimentar o porco na sua ração diária («vienda» em montalvanês). Um púcaro de bagaço de azeitona por dia... nem sabe o bem que lhe fazia!
C. Inverno - Inflorescências e floramentos («enfarna» em montalvanês) (publicado em 20 de abril de 2020);
D. Primavera - Crescimento dos frutos/azeitonas - a publicar em 1 junho de 2020. Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.
Uma homenagem à Árvore que "matou a fome", iluminou, alegrou e aqueceu milhares de montalvanenses durante 700 anos.
Quem é que não gosta de um simples pão de trigo com azeitonas levadas dentro de uma "corna" (quando se comiam a lavrar uma tapada ou numa eira na debulha do trigo)? Manjar de deuses!
Com este texto inicia-se uma série de iniciativas neste blogue tendo em conta a importância dos elementos do Mundo Rural que influenciaram, durante séculos, o ritmo sazonal dos montalvanenses. Funções da sua vida/existência que eram o seu suporte.
Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. A Parreira: o arbustro-preferido.
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