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20 abril 2020

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Ciclo da Oliveira III

20 abril 2020 0 Comentários
A OLIVEIRA É A ÁRVORE-SÍMBOLO DOS MONTALVANENSES.



Planta generosa esteve no centro da sobrevivência dos montalvanenses durante séculos. 


O «Anel de Olival» a rodear Montalvão
As oliveiras mais antigas estão mais próximas da povoação

Chegou ao território atual da freguesia de Montalvão antes deste existir como povoado e depois foi carinhosamente cultivada num anel em torno da aldeia e, as mais afastadas do povoado, nos cabeços com "terreno de areia" (grauvaques). 


Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar)

Quando a pressão humana (e a fome) eram elevadas chegou, mesmo, a ser plantada nas "Barreiras do Rio", ou seja, na vertente da margem esquerda do rio Sever, o que faz com que, devido à inclinação dos terrenos e solos esqueléticos, pareçam mais arbustos que árvores. 



A Oliveira é tão generosa que tudo dela se aproveita:

1. A sua sombra e proteção todo o ano pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;

2. Os frutos (azeitonas) servem para produzir azeite - utilizado como iluminação ou como óleo vegetal (para cozinhar ou temperar) - mas também para acompanhamento às refeições, "arretalhadas" com sal (depois de umas quantas - seis no mínimo em três dias - mudas de água) ou de conserva (em água, óregãos, loureiro e sal);

3. As folhas utilizadas para cobrir chão da furdas (pocilgas) e fazer chá (em desuso, entre os montalvanenses, no século XIX e seguintes);

4. A madeira é "dócil" em ser trabalhada por isso mais para marceneiros que carpinteiros, mas utiliza-se principalmente para ser queimada como aquecimento ou para cozinhar. 


Uma da oliveiras mais antigas do Mundo com 3 352 anos

Este blogue irá acompanhar o "Ciclo da Oliveira" com quatro publicações por ano, utilizando uma nobre oliveira de Montalvão.

A. Verão - Início da frutificação e crescimento da azeitona;


Os olivais e a oliveira eram como familiares para os seus proprietários (e até para quem só as via...). No Verão olhavam para cada uma como se todas fossem diferentes - a "do pé do poço", a junto ao caminho, a de "arretalhar", a "boa para conserva", a do "canto", etecetra. Mesmo que existissem 500 oliveiras repartidas por dez propriedades rústicas mais umas quantas - por exemplo, a "da furda" («furda» em montalvanês, é o recinto para ter o porco) - no quintal se este existisse, mesmo assim, com tantas, todas tinham "um nome", uma função, um propósito. Entre Julho e Agosto ia-se olhando para elas - e se o ano agrícola corresse normalmente até à colheita («apanha» em montalvanês) - já se sabia quantos alqueires de azeite estavam previstos, quais as para conserva e quais as para "arretalhar". Entre galega (preta e miúda) e cordovil (maior e esverdeada). 


B. Outono
- Amadurecimento e apanha (publicado em 1 de dezembro de 2019) com a evolução dos Lagares pela aldeia (ver imagem por baixo do pequeno vídeo) e o modelo artesanal em separar o azeite do resto. O modo de ripar as azeitonas com escadas e "panales"; Separar as folhas das azeitonas; juntá-la em "tulhas" e acondicionar o azeite em potes de zinco; e talhas de barro pezgadas por dentro para a azeitona de conserva.


 
Quanto ao bagaço. Uma parte ficava no lagar. Outra parte ia para uma tulha e servia para alimentar o porco na sua ração diária («vienda» em montalvanês). Um púcaro de bagaço de azeitona por dia... nem sabe o bem que lhe fazia!
A memória dos habitantes de Montalvão permite localizar três edifícios como «Lagares de Azeite»: 1. rua das Almas (a abufêra - água russa em montalvanês) corria para a azinhaga do Level; 2. rua da Corredoura com a abufêra (água muito poluente) a correr para a azinhaga da Corredoura até à «Fonte Lagar»; 3 - Lagares atuais. Havia, ainda, já muito idosos, quem dissesse, no início dos Anos 70, que antes do Lagar na rua das Almas, o Lagar de Azeite de Montalvão "era lá para o ribeiro do Pontão"!

C. Inverno - Inflorescências e floramentos («enfarna» em montalvanês) (publicado em 20 de abril de 2020);


 
D. Primavera - Crescimento dos frutos/azeitonas - a publicar em 1 junho de 2020. Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue. 



Uma homenagem à Árvore que "matou a fome", iluminou, alegrou e aqueceu milhares de montalvanenses durante 700 anos.




Quem é que não gosta de um simples pão de trigo com azeitonas levadas dentro de uma "corna" (quando se comiam a lavrar uma tapada ou numa eira na debulha do trigo)? Manjar de deuses!




Com este texto inicia-se uma série de iniciativas neste blogue tendo em conta a importância dos elementos do Mundo Rural que influenciaram, durante séculos, o ritmo sazonal dos montalvanenses. Funções da sua vida/existência que eram o seu suporte.


Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. A Parreira: o arbustro-preferido.

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