-->

Páginas

17 março 2020

Textual description of firstImageUrl

Ciclo do Carvalho III

17 março 2020 0 Comentários
O CARVALHO ERA A ÁRVORE-ESCASSA DOS MONTALVANENSES.




Planta magnífica em robustez (as árvores morrem de pé) foi importante para os montalvanenses durante séculos. 


Desenvolveu-se no território atual da freguesia de Montalvão muito antes deste existir como povoado - até mesmo haver atividade pré-histórica - pois é uma espécie autóctone. O espaço que constitui a freguesia montalvanense tinha condições naturais - solos formados a partir de rochas metamórficas de xisto («canchos» em montalvanês) e intrusões magmáticas em filões de grauvaques («ponedros» em montalvanês) e clima (humidade e temperatura) - que foram propícias a que evoluíssem umas espécies em detrimento de outras. De todos os "Quercus" é o mais exigente em humidade (menos tolerante à secura) e solos (mais granito e calcário que xisto). Com exigências "intermédias" tem dificuldade em competir com espécies que toleram bem a humidade, mesmo a do litoral (pinheiro-manso) e com as que toleram bem a secura (azinheiras, amendoeiras e alfarrobeiras)

Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar)

Com a comercialização de madeiras da América do Sul (Brasil) e África (depois do Descobrimento da América, por Cristóvão Colombo, em 12 de outubro de 1492 e da exploração do Continente Africano, após a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822) o Montado de Carvalho sofreu uma grande redução mas ainda é possível observar algumas dezenas de carvalhos-cerquinho pelo vasto território montalvanense. Muito menos que as Oliveiras, Sobreiros  e Azinheiras mas mesmo assim ainda será a quinta árvore (superada, também, pela Figueira) mais representada na freguesia. A sua redução - nos Anos 60 eram apenas cerca de 200 exemplares numa área com o equivalente a 13 mil campos de "Futebol de Onze" - deverá estar muito reduzida, talvez a pouco mais de 20/30 exemplares, quase todas nas "Barreiras do Rio", ou seja, nos vales dos afluentes do rio Sever, em particular nos declives da ribeira de São João onde era possível ver alguns carvalhos-cerquinho, até mesmo, carvalhos-negral. Estas duas espécies são muito mais abundantes no concelho de Castelo de Vide, logo a partir na freguesia mais a norte desse concelho, a de Póvoa e Meadas. Em Montalvão os carvalhos têm um porte tão pequeno que se assemelham a arbustos.   

Carvalho foi trave-mestra dos montalvanenses.

1. A sua sombra e proteção todo o ano, com destaque para a frescura do Verão (a melhor dos "Quercus" existentes em Montalvão) pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;

2. A madeira é de boa qualidade com um tronco mais esguio e regular que os restantes «Quercus». Antes da introdução do Eucalipto (originário da Oceania, essencialmente Austrália, do clima sub-tropical seco do Hemisfério Sul) por isso adaptou-se bem ao clima Mediterrânico que é sub-tropical seco do Hemisfério Norte, a madeira de carvalho era utilizada para fazer traves que suportavam os sobrados (em construções de pedra com telhados de telha-cana e escadas); 

3. Os frutos (glande) são fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis) embora com menos valor que a da azinheira, mas semelhante, à do sobreiro, embora este dê muito mais lande, por ter maior copa;

4. As folhas (glande) as mais "macias" dos «Quercus» também foram fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis) e caprino.

Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Carvalho" com quatro publicações por ano, utilizando um nobre carvalho de Póvoa e Meadas.

A. Verão - Início da frutificação e crescimento da bolota (publicado em 30 de agosto de 2019);


Há ainda os Bugalhos desenvolvidos no carvalho-negral, por exemplo, que são a reacção da planta à agressão de um insecto (vespa) quando pica os pequenos ramos para fazer a sua reprodução. 



Os bugalhos eram os berlindes dos jovens montalvanenses antes da invenção dos "pirolitos". 


Estes bugalhos foram surripiados de um carvalho existente na "Barragem da Póvoa".

Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar)

B. Outono - Amadurecimento e apanha da bolota (publicado em 26 de dezembro de 2019);

As bolotas dos carvalhos - tal como a dos sobreiros - são muito mais pequenas que as das azinheiras. Em Montalvão, os carvalhos são uma raridade. Já os Sobreiros, não! As bolotas (carvalhos e sobreiros) são tão pequenas que nem bolotas são. Não passam de Lande, para se distinguirem das Bolotas (azinheiras). A Lande só para consumo dos porcos. Já as das azinheiras, de subespécies, em que sejam adocicadas são um acepipe de alto gabarito

C. Inverno - Inflorescências e floramentos que polinizados darão os frutos do novo ano. As folhas tenras e comestíveis que cresceram nos últimos meses desde que os dias têm também crescido, ou seja, desde o Solstício de Inverno (publicado em 17 de março de 2020); 


D. Primavera - Os pequenas e verdes frutos a crescerem (a publicar em 15 de abril de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue. 


Garrafas "pirolitos" comercializadas até aos Anos 60

Uma homenagem à Árvore que deu qualidade de vida a milhares de montalvanenses durante 700 anos.


Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. O Sobreiro: a árvore-virtuosa.  
0 comentários blogger

Enviar um comentário