Um "quase-povacho" importante para Montalvão?! Sim. Não havendo preconceito é um cidadão do Mundo ao qual os montalvanenses devem reconhecimento por ter registado, guardado e publicada informação relevante acerca da Cultura, Tradições e Hábitos seculares em Montalvão.
Aplica-se bem a Martins Barata o facto de sendo "estranho" ter entranhado as diferenças de Montalvão para as localidades que conhecia. É um facto que quem se vai habituando à vivência num lugar tudo desse lugar lhe é óbvio. Tal não acontece para quem lhe é exterior.
É uma questão de olhar e não ver (por nos irmos habituando à normalidade) ou olhar e ver (por quem desconhece mas reconhece). Foi assim com Martins Barata.
A biografia de José Pedro Martins Barata é interessante. Sendo da Herdade do Pereiro (onde nasceu), viveu na Póvoa e Meadas (onde foi baptizado e passou a infância) até Alpalhão onde o pai João nasceu e a mãe D. Antónia (professora) trabalhou e conheceu o pai. Três locais que lhe foram moldando a personalidade, até Portalegre e Lisboa. Mais que Montalvão, ambos naturais de Montalvão, onde nasceram em meados do século XIX e depois foram viver para Alpalhão onde já nasceu o pai João. Mas foi Montalvão que o "marcou".
Como o Mundo é pequeno e Montalvão grande, casaria com uma montalvanense (D. Maria José de Faria Pimentel) nascida na rua do Arrabalde cujos pais tinham, entretanto, ido viver para a Póvoa e Meadas onde se cruzou com José Pedro Martins Barata. Os sogros casaram em Montalvão, com o sogro (António Manoel de Faria) a ser montalvanense de gema e a sogra (D. Inez da Encarnação Carrilho) nascida em Póvoa e Meadas, daí ser compreensível a saída de Montalvão para viverem em Póvoa e Meadas. Onde José Pedro Martins Barata e D. Maria Pimentel, tudo parece indicar, se conheceram. Mas casaram muito tarde para o que era comum na época. Ele com 38 anos e ela com 36 anos.
A curiosidade e surpresa é que a maior parte do "trabalho" de José Pedro Barata, em Montalvão, foi feito depois de se aposentar, ou seja, nos Anos 50, embora ele escreva que desde a adolescência (15/20 anos) ficou impressionado com a singularidade montalvanense. Daí que as primeiras publicações surjam em 1966 e a última em 1969 (como separata em 1970), mas tenha escrito:
"Tradições religiosas em Montalvão e em Póvoa e Meadas no extremo-norte alentejano; pp.1; 1970 |
A pequena biografia, mas grande em qualidade e rigor que o historiador de Montalvão (e não só...) Jorge Rosa lhe fez merece ser transcrita na sua totalidade:
Reprodução do livro indicado na NOTA FINAL 5 |
Resta acrescentar que José Pedro Martins Barata faleceu em Lisboa, no n.º 200 da rua Saraiva de Carvalho (paredes-meias com o cemitério dos Prazeres) mas pediu para ser sepultado em Montalvão embora tenham declarado residir em Póvoa e Meadas. Faleceu de acidente vascular cerebral, viúvo, aos 82 anos, pelas 23 horas, em 25 de novembro de 1978.
Em 25 de novembro de 2020, para assinalar os 41 anos do seu falecimento neste blogue será feita uma recensão crítica da sua obra referente a Montalvão. E como o autor deste blogue o "descobriu" com cerca de 14 anos de idade, na sequência do 25 de abril de 1974, em Montalvão, numa carpintaria, localizada na rua das Almas.
Obrigado, José Pedro Martins Barata
NOTAS FINAIS:
1. O assento de batismo de José Pedro Martins Barata
2. Os três averbamentos (casamento, viuvez e óbito) de José Pedro Martins Barata
Casamento: 8 de outubro de 1924; viuvez: 29 de janeiro de 1967; óbito: 25 de novembro de 1978 |
3. O assento de batismo da esposa D. Maria José de Faria Pimentel
4. O assento de óbito de José Pedro Martins Barata
5. Um livro para ler e reler:
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