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06 dezembro 2018

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Igreja Matriz

06 dezembro 2018 1 Comentários
A IGREJA MATRIZ DE MONTALVÃO É UMA JÓIA. E COMO TODAS AS JÓIAS É INESGOTÁVEL EM SIGNIFICADOS.




Nem é grande, nem é pequena. Nem é sumptuosa, nem é risível. Nem é luxuosa, nem é desprovida. Não é vulgar mas tem significado e é significativa.



Acredito ter sido o primeiro edifício definitivo a ser construído num Monte Ermo a acabar o século XIII. Depois de construídas as habitações daqueles que criaram condições para a erguer. 



Está muito modificada, mas mantém as características iniciais. 


Mais que uma igreja, um Mausoléu aos primeiros povoadores do Mont' Ermo transformando-o em Mont' Alvão. 



Aquando das obras que a descaracterizaram, em início dos Anos 70, perdeu-se uma oportunidade de fazer uma identificação dos esqueletos que a povoavam por baixo das lages de pedra e ripas de madeira sagrada. Estariam ali os restos mortais dos pioneiros da aldeia.



Apenas com a sagrada torre Norte foi-lhe depois acrescentada a torre profana, a Sul, pertencente à Junta de Freguesia onde bate a cada meia hora o sino do relógio que nos ecoa mesmo em montalvanenses na Nova Zelândia.



A igreja perdeu o rústico de outrora mas mantém o coração que a fez crescer, mudar, alterar e sobreviver com poucos danos a terramotos da Natureza e Humanos.


Reprodução de uma gravura, a aguarela, do pintor portalegrense João Tavares, datada de 1944. João Augusto Silveira Tavares nasceu em Portalegre a 22 de Setembro de 1908, falecendo na mesma cidade, em 20 de Novembro de 1984, aos 76 anos e dois meses. Foi professor de desenho no Liceu de Portalegre, além de pintor a óleo e aguarela, com tapeçarias elaboradas com base nos seus trabalhos



Espaço ancestral e nobre. Aqui se nascia e morria. A vida de um montalvanense passava por aqui. O baptismo (aqui se nascia...), o casamento (aqui se povoava Montalvão) e a última missa de corpo presente já inerte (aqui se morria...).



Passavam os primeiros sinais de vida (pia baptismal), a alegria da Boda (junto ao altar) e a sua despedida, no sítio, onde a tanto baptismo assistira, tanta Boda alegrara e tanta missa de despedida de entes queridos ou simples co-habitantes da freguesia com que tantas vezes se cruzara nas artérias da aldeia ou à volta dela entre caminhos, azinhagas e veredas. 



Eis a Igreja Matriz, nobre e embelezada de Nossa Senhora da Graça, celebrada em 27 de Novembro, mas diariamente em Montalvão onde só fugindo é possível durante vinte e quatro horas não passar, pelo menos, uma vez junto à sua porta com pórtico gótico.



No seu interior tem as medidas-padrão da aldeia antes da existência do sistema métrico. Uma igreja ao serviço da população. Na coluna imaculada - a do lado do início da vida - encontramos o:

Palmo: cerca de 22 centímetros atuais;

Côvado (três palmos): cerca de 66 centímetros atuais;

Vara (cinco palmos): cerca de 110 centímetros atuais.





A Igreja é o ponto de união da diáspora montalvanense. Já não nos batizamos, casamos e morremos na nossa Igreja Matriz. Mas mesmo nos lugares mais afastados dela é como se nunca a tivéssemos deixado para trás. Está dentro de cada um de nós. Entranhada em cada um e em todos. Ela é a nossa origem e o nosso fim. Continua a ser.

1 comentários blogger
  1. Penso que foi nos anos 70 que também na terra dos meus pais, aldeia do concelho de Vila Pouca de Aguiar, que também foram feitas obras profundas na Igreja Matriz. Igualmente foram levantados numerosos esqueletos, restos dos corpos sepultados dentro da Igreja.

    Foram todos enterrados numa vala comum ali ao lado, no adro da Igreja. Não creio que fosse sequer tolerado o estudo dos esqueletos. Foram também descobertos "caixões" de pedra onde aparentemente os mais ricos eram sepultados.

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