NOTA: Este texto é apenas uma interpretação pessoal como têm sido todas as que já se fizeram visto não haver notícias de investigação arqueológica e só estas dão garantias científicas de poder ter certezas absolutas ou quase. Enquanto não acontecem - e nunca acontecerão - vale o bom senso e senso comum.
Na realidade as notícias mais antigas acerca do castelo de Montalvão além de bem datadas estão tão bem descritas que até mereceram dois desenhos aprumados e publicados na recolha "Livro das Fortalezas" por Duarte de Armas (Lisboa, 1465 - Lisboa, 15??), nos Anos da Graça de 1510 a 1512, num trabalho apurado Sul para Norte, realizado entre a Primavera de 1509 e o Verão de 1510.
VISTO DE SUL
VISTO DE NORTE
Uma dúvida é desfeita. Entre Castro Marim e Caminha o castelo de Montalvão é um dos 57 desenhados com pormenor por Duarte de Armas. É por isso "importante no passado" para ser desconsiderado e abandonado no presente e futuro.
História de Portugal; Volume I; Página 136; Marques, A. H. de Oliveira Marques; Palas Editores; Lisboa; 1.ª edição; Março de 1972 (adaptado com a localização de Montalvão) |
História de Portugal; Volume I; Página 221; Marques, A. H. de Oliveira Marques; Palas Editores; Lisboa; 1.ª edição; Março de 1972 (as incursões em Ouguela também podem ter sido entre as Meadas e Montalvão. O leito seco da ribeira de São João (afluente do rio Sever) é uma autoestrada medieval no Verão quando as estevas e giestas cobriam as encostas bravias) |
O castelo de Montalvão não tinha sentido ser construído antes do Tratado de Alcanizes visto que a fronteira entre Portugal e Castela não era no rio Sever mas muito mais para Leste, no rio Salor. E faz todo o sentido ter sido construído ou reforçado depois de D. Nuno Álvares Pereira e D. João I terem percebido que a fronteira imediatamente a sul da confluência do rio Sever no rio Tejo ser muito vulnerável facilitando a incursão aos castelhanos que teimassem chegar a Santarém e até a Lisboa, capital do Reino de Portugal, desde 1255, ou seja, após D. Afonso IV (filho de D. Dinis) mudar a Corte para Lisboa.
A construção do castelo de Montalvão obrigou a uma obra notável em imaginação e esforço pois para ficar nivelado num terreno desnivelado obrigou a construir um talude artificial (alambor) em xisto colocado em espinha onde depois se ergueram as muralhas e os dois cubelos laterais. Junto a estes torreões o desnível é de cerca de um metro (a porta de entrada fica na linha do festo) enquanto o topo para leste tem um estrado com cerca de seis metros o que indica um desnível de cinco metros em 80 de comprimento por 50 de largura.
Lado Norte (azinhaga da Bala) com o cubelo norte assente no chão térreo para lá do alambor
Lado Sul (azinhaga da Serventia) com o cubelo sul assente no chão térreo para lá do alambor
Para Leste (junção das azinhagas) com o alambor de maior dimensão
Para Leste (junção das azinhagas para iniciar/findar a azinhaguinha agora para o cemitério novo)
O castelo tem uma planta ovalada no sentido Oeste/Leste, com dois cubelos quadrangulares muito salientes em posição oposta mas assimétrica direccionados para Norte e Sul. Com paramentos (muralhas) aprumados e justapostos - como todos os muros rústicos da freguesia - de pequena dimensão, em altura cerca de três metros, em média, de alvenaria em xisto. Ao longo de todo o perímetro circular, por isso com excepção na porta de entrada, de muralha rectilínea, correspondente à linha de festo, tem um poderoso alambor de nivelamento com xisto encaixado em espinha, entre a cota 332 metros (na entrada a Oeste virada para as traseiras da Igreja Matriz) e a cota 329 metros (no lado oposto, a Leste, virado para Espanha).
Numa futura peregrinação a Montalvão é possível conseguir fotografias específicas que mostram o trabalho de construção do talude com placas de xisto em espinha, as muralhas em placas de xisto justapostas e o desnível de três metros entre o lado Oeste e o lado Este.
As gerações e gerações que fizeram o "Assalto ao Castelo " (até ao 25 de Abril de 1974 era uma propriedade privativa que estava fechada e de acesso interdito) sabiam bem - por dezenas ou centenas de anos de "Assalto" o local que sendo mais fácil - por ter placas de xisto desnivelados que permitiam agarrar e pousar os pés - o quanto era perigoso, não só por poderem todos ou alguns ir parar ao posto da GNR (Guarda Nacional Republicana) mas também a vasta probabilidade inversamente à destreza de ir bater com os costados, não no chão, mas no "estrado" de xisto cunhalado em espinha. E se doía!
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