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01 maio 2023

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D. Vasco Fernandes 700

01 maio 2023 0 Comentários
HÁ SETE SÉCULOS FALECEU O ÚLTIMO MESTRE TEMPLÁRIO.





Dom Vasco Fernandes viveu os seus últimos anos, morreu e foi sepultado em Montalvão. Desde 1771, há 252 anos, que tal foi escrito na fonte mais verosímil de todas as que existem.

«Durou no governo da Ordem do Templo como Mestre no Reino de Portugal, o Mestre D. Vasco Fernandes até ao ano de mil trezentos e onze, em que foi extinta. Ele sobreviveu ainda doze anos; porque faleceu no de mil trezentos e vinte e três; e os últimos, professou na Ordem de Cristo onde acabou os seus dias Comendador de Montalvão»

Frei Bernardo da Costa; História da Militar Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo; Coimbra; 1771



Biografia
Ainda pouco se sabe da vida de Vasco Fernandes, mas há várias pontas soltas que podem em qualquer momento desencadear um processo que permita obter mais informações e preciosas. Desde 1984 quando li a História dos Templários, de Frei Bernardo da Costa, que procuro informações. E muito se conseguiu. Lembro-me que, em Tomar, nem sabiam ou questionavam onde seria Montalvão. Era algo que transcendia quem se interessava pelos "Templários". Só alguém que fosse de Montalvão (ou conhecesse bem o povoado) e em simultâneo a Vida e Obra da Ordem do Templo relacionava Dom Vasco Fernandes com a localidade. Depois foram surgindo algumas teses de mestrado, doutoramento e livros que vão abrindo possibilidades de mais conhecimento permitindo acrescentar informações.

Há rumores que teria nascido numa localidade da actual Beira Baixa *, seria um pouco mais velho * que Dom Dinis e conheceu o 6.º Rei de Portugal quando era comendador de Santarém, entre 1290 e 1293. Dom Dinis visitava Santarém com frequência - aliás foi nesta cidade que faleceu, em 7 de janeiro de 1325, aos 63 anos e três meses - daí ser óbvio admitir a veracidade desta informação. 

* a confirmar com documentação em breve. Estão previstas duas publicações de entrevistas, neste blogue, a Lídio Lopes e Joana Lencart

Paula Pinto Costa e Joana Lencart (Novembro de 2019)


O interesse de Vasco Fernandes por um monte que poderia ter desenvolvimento como povoado parece datar de alguns anos anteriores, entre 1288 e 1290, à sua investidura como Mestre dos Templários. Seria em Montalvão que entretanto crescera demograficamente e criara sustentação que viveria os últimos anos e ficaria sepultado para a eternidade.

Dom Vasco Fernandes entre 1293 e 1312/14, como Mestre dos Templários, participou em inúmeras iniciativas, é citado em documentos e foi figura grada na vida social e política de Portugal, um dos portugueses com mais poder, importância e influência na história de Portugal, nos 19/21 anos em que liderou a Ordem do Templo assistindo também ao seu fim. Atente-se a um resumo, pois o seu mestrado pode ser lido na história escrita por frei Bernardo da Costa e disponível, ao público, desde 1771.

Entradas cronológicas da responsabilidade de Lídio Lopes (Março de 2020)
Dom Vasco Fernandes esteve presente e testemunhou um dos acontecimentos mais importantes da História de Portugal que ocorreu em Alcanizes. Importante para a delimitação - praticamente definitiva - da fronteira portuguesa, para os Templários (que cederam território que lhes pertencia, entre o rio Sever e o rio Salor; além de povoações bem povoadas num espaço de atração demográfica difícil - Valença (Valência de Alcântara), Ferreira (Herrera de Alcântara) e o castelo templário de Esparregal. Também significou que a localidade que escolheria para viver os seus últimos dias/anos e ser sepultado deixaria de estar a cerca de 40 quilómetros da fronteira para fica a menos de dois!

Há cerca de 35 anos quando por lá passei ainda havia vestígios do castelo dos Templários - num modelo semelhante ao de Almourol, embora numa espécie de "ilha rodeada de terra inóspita" um pouco à imagem de Noudar, em Barrancos, embora este resistisse por localizar-se na fronteira - não muito afastado da localidade que lhe sucedeu por deixar de ter razão de existir: Santiago de Alcântara


José Augusto de Sotto Mayor Pizarro (Novembro de 2008)


Fotografia de Luís Mário Bento (Igreja Matriz de Montalvão)


Depois há as interpretações
E que se estranha por conterem erros tão grosseiros.

Igreja de Santa Maria Maria dos Olivais (Tomar); Março de 1942


É inacreditável o desleixo em documentos que deviam estar obrigados a serem o mais rigorosos que fosse possível: 
(1) Desde 1771 que foi tornado público, pois foi publicada, a informação correta. Dom Lourenço Martins não foi substituído, em 1295 - mas em 1293 -, como Mestre dos Templários, não por ter falecido, mas por ter renunciado. Faleceu em 1308;
(2) Não há - nunca foi encontrado - qualquer regimento ou regulamento acerca de quem podia ou não ser sepultado na igreja que se tornou panteão dos Mestres da Ordem dos Templários mas também dos mestres da Ordem de Cristo, que lhes sucederam, aliás o primeiro, frei Gil Martins faleceu e foi sepultado na mesma igreja, em novembro de 1321, quase dois anos antes de Dom Vasco Fernandes (1323) ter falecido como Comendador de Montalvão. Este se quisesse (por testamento) ou vivesse em Tomar ou perto seria sepultado na referida igreja. Preferiu morrer e ser sepultado em Montalvão.
    

Lápide funerária de Dom Lourenço Martins na Igreja de Santa Maria Maria dos Olivais (Tomar)


E as inflexões
Desde há uns anos começou-se a inventar que Dom Vasco Fernandes pode não estar sepultado na Igreja Matriz de Montalvão, embora sendo essa a única informação que existe. Não há outra. Não está no altar! Isso não pode estar pois "à portuguesa" aquando das obras de remodelação da Igreja, entre 1967 e 1969 - foram retiradas as tábuas do chão, as ossadas dos cadáveres outrora sepultados no interior da igreja, o púlpito, entre outras malfeitorias - retirar o majestoso lajeado de degraus em xisto exterior - bem como mudar as lápides funerárias que estavam em local sagrado, no chão do Altar-Mor, e depois colocadas na entrada da Igreja, qual tapetes, para a embelezar. Gente imberbe e inconsciente. Perdoa-se  pela ignorância. Se Jesus Cristo perdoou os indigentes...



Que Montalvão durante séculos, nos seus usos e costumes, foi muito influenciado pela presença dos Templários, com destaque para Vasco Fernandes, parece uma evidência.


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