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07 março 2020

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Ciclo da Azinheira III

07 março 2020 0 Comentários
A AZINHEIRA ERA A ÁRVORE-MODELO DOS MONTALVANENSES.



Planta magnífica fez parte da vida dos montalvanenses durante séculos. 


A mais velha azinheira de Portugal com 150 anos

Desenvolveu-se no território atual da freguesia de Montalvão muito antes deste existir como povoado - até mesmo haver atividade pré-histórica - pois é uma espécie autóctone. O espaço que constitui a freguesia montalvanense tinha condições naturais - solos formados a partir de rochas metamórficas de xisto («canchos» em montalvanês) e intrusões magmáticas em filões de grauvaques («ponedros» em montalvanês) e clima (humidade e temperatura) - que foram propícias a que evoluíssem umas espécies em detrimento de outras.


Com a actividade humana a ganhar importância, principalmente quando aumenta a densidade populacional, os montalvanenses começaram a modificar o meio em que viviam para melhor viver. Umas das espécies autóctones que mais "sofreu" em número de exemplares e área ocupada foi a azinheira. Esta foi sendo substituída por oliveiras e sobreiros, árvores com maior rendimento. Os Olivais junto da aldeia (encostas de xisto) e em "cabeços de areia" (grauvaques) onde a azeitona é de elevada qualidade - uma saca de 30 quilos/um alqueire de azeite (10 litros) - e Montado de Sobro (com o rendimento da cortiça e a lande para os porcos). Restaram, mesmo assim muitas azinheiras, para a alimentação humana (bolotas assadas ou desfeitas em farinha para amassar)  e excelência da madeira. 


Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar)

Com a introdução da batata (depois do Descobrimento da América, por Cristóvão Colombo, em 12 de outubro de 1492) e da possibilidade de importar outro tipo de madeiras, o Montado de Azinho sofreu uma grande redução mas ainda é possível ter alguns milhares de azinheiras pelo vasto território montalvanense. Muito menos que as oliveiras e sobreiros mas mesmo assim ainda será a terceira árvore mais representada na freguesia.    



A Azinheira é tão confiável que tudo dela se aproveita.



1. A sua frondosa sombra e proteção todo o ano destaque para a frescura do Verão, pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;




2. Os frutos (bolotas) da maior parte da sub-espécies são doces e comem-se como as castanhas. Também são boa fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis);



3. A madeira é muito dura, compacta e resistente. O azinho é utilizado em construções que têm de ser fiáveis e duradoiras. 



Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Azinheira" com quatro publicações por ano, utilizando uma nobre azinheira de Montalvão.



A. Verão - Início da frutificação e crescimento da bolota (que foi publicado em 15 de agosto);



A Bolota desenvolve-se primeiro que a Lande (sobreiros) sendo possível em meados de agosto já ter muitos ramos de azinheiras com bolotas maduras sendo tal raríssimo nos sobreiros.




B. Outono - Amadurecimento e apanha da bolota (publicado em 6 de dezembro de 2019);



C. Inverno - Inflorescências e floramentos que polinizados darão as bolotas do novo ano. As folhas tenras e comestíveis que cresceram nos últimos meses desde que os dias têm também crescido, ou seja, desde o Solstício de Inverno (publicado em 7 de fevereiro de 2020).



D. Primavera - As pequenas e verdes bolotas a crescerem (a publicar em 30 de abril de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue. 

Uma homenagem à Árvore que deu comida a milhares de montalvanenses durante 700 anos.

 

Quem não tem saudades daquelas bolotas assadas pela Xá Ana colhidas na tapada da eira do Pontão naquela azinheira junto ao «cancho-grande» em frente ao palheiro e curral?



Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. O Carvalho: a árvore-escassa.  
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