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01 março 2020

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Os Barbeiros

01 março 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE BARBEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti Xico e o Ti Zé Patrício na rua de São Pedro, o Ti Zé Maria no Arrabalde, o senhor José Barbeiro, na Praça/rua do Outeiro.



Numa aldeia como Montalvão a importância dos Barbeiros não era tanto fazer a barba, que é mais desfazer mas o hábito ancestral é dizer «fazer a barba». Numa povoação com cerca de três mil pessoas, metade homens e destes metade com barba, os barbeiros tinham trabalho a dobrar depois do dia de trabalho. Os homens não faziam a barba em casa - esta prática foi tardia em Montalvão, já pelos Anos 60 em diante - mas iam ao barbeiro umas três ou quatro vezes por mês ou até duas, depende de cada um. E depois do dia de trabalho. 



A barba feita três vezes por mês. Já o cabelo era cortado, dependendo de cada um, mas dificilmente se estava três meses sem passar pelo barbeiro.  

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Os Barbeiros também eram Alfaiates podendo deste modo ter atividades complementares. Durante o dia "funcionava" a Alfaiataria quando cuidavam de roupa alheia e ao começo da tarde, início da noite "abria" a Barbearia que era ofício para o imediato, alfaiataria era a prazo. Daqui a uma semana tem o fato feito! Fazer a barba e o corte do cabelo, é para já!



O senhor José Barbeiro não era alfaiate, mas era barbeiro, embora sendo muito mais do que fazer ou desfazer barbas e cortar cabelo. Tinha o dom de ter um conhecimento amplo do corpo humano e do valor das plantas e substâncias, potenciando isso a favor da comunidade. Merecerá destaque à parte. 



As mulheres deixavam crescer o cabelo enrolando-o na nuca, num «pôpu» que ficava escondido debaixo dos lenços que eram obrigatórios no espaço público. Com algum colorido quando eram solteiras, a partir dos 12/13 anos - até aí andavam sem lenço - ou recém-casadas, depois substituídos por lenços pretos quando morria um familiar próximo (pais, marido ou filhos) usando-os até morrerem.



Nas mulheres, o cabelo ia crescendo, crescendo, depois quando comprido - é difícil ter um fio de cabelo com mais de seis anos sem ele já ter caído e renovado por outro que crescerá até cair também - vai-se renovando e ia sendo enrolado, mais uma volta, até ficar como uma rodilha na nuca. 



Se os pelos têm de um a cinco centímetros, não crescendo mais, caindo para serem substituídos por outros, o cabelo e a barba (homens) crescem até cerca de um metro e depois caem sendo renovados por outros. 



Poucas células - só algumas no coração e outras no cérebro - duram toda uma vida. 99,99 por cento do corpo humano é renovado e algumas células muitas vezes, com destaque para as unhas.



Sendo criança não tenho estórias de especial destaque com os barbeiros. Aliás só conheci o Ti Xico e o Ti Zé Maria. Estórias? Tenho uma mas já foi abordada aquando da escrita acerca dos Alfaiates. 




Próxima "paragem": Os Marceneiros
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