O terramoto de 1 de novembro de 1755 destruiu a Igreja e outra - esta - foi reconstruída no mesmo local, embora num estilo completamente distinto da anterior.
Em 1655, com pouco mais de vinte anos, seguiu como missionário para «as Índias» onde Portugal assegurara desde a célebre viagem de Vasco da Gama (1498) importantes conquistas comerciais e presença em algumas localidades que permitiam o comércio.
Tornou-se homem de confiança do vice-rei António de Melo e Castro que viu nele o português com qualidades e condições para viajar disfarçado, por uma rota improvável a ter que ser desbravada por ele, num percurso feito em grande extensão por terra e depois pelo Mar Mediterrâneo (em vez de viajar pela rota instituída por oceano) numa missão secreta que o vice-rei consideraria fundamental para assegurar que Portugal continuaria a ter na Índia uma posição sustentável face ao crescente poderio dos ingleses. Não se sabe ao certo - ou não fosse uma missão secreta - o que tornou tão imperioso fazer o padre Manuel Godinho retornar a Portugal, escondido de tudo e todos expondo-se a "mil perigos", no final de 1662, ou seja sete anos depois de ter chegado a esse território ultramarino. Consta que o vice-rei Melo e Castro considerava desastroso Portugal ceder a importante praça de Bombaim - localização estratégica para manter as restantes praças - a Inglaterra, como foi decidido em 1661, integrando-a no dote de casamento de D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra.
A missão, iniciada em Baçaim, acabou por ter sucesso - Manuel Godinho conseguiu chegar a Lisboa, desembarcando em Cascais - mas se os objetivos eram os que se supõe serem fracassou totalmente pois Bombaim foi entregue aos ingleses. Entretanto o montalvanense viu-se envolvido nas intrigas políticas e religiosas da época. De provável herói a indesejado foi um pequeno passo. Incompatibilizou-se com o padre geral da Companhia de Jesus, João Paulo Oliva e impedido de regressar à Índia por se temer pela sua segurança tendo em conta que para os ingleses era «persona non grata» valeu a Manuel Godinho ser respeitado e considerado pelo rei D. Afonso VI, com 23 anos (dez anos mais novo que o padre Manuel Godinho) e por sua mãe D. Luísa de Gusmão para não cair em desgraça. Em 1667, apenas quatro anos depois de chegar de tão importante missão e dois anos depois da autorização para publicar o livro que relata a viagem, abandonou a Companhia de Jesus. Foi "desterrado", em maio do mesmo ano, para Loures, então uma paróquia rural periférica, embora importante, mas nos arredores da capital. Tinha pouco mais de 33 anos. Por lá ficou quase 45 anos. Faleceu a 25 de fevereiro de 1712, aos 78 anos e em Loures foi sepultado, há 308 anos.
Entre 15 de dezembro de 2020 e 25 de outubro de 2021 serão assinalados neste blogue, os 358 anos desta viagem descrita com genialidade, utilizando os seus seis itinerários realizados entre 15 de dezembro de 1662 e 25 de outubro de 1663, a célebre epopeia do padre Manuel Godinho em três vertentes: percursos, descrições magníficas feitas por Manuel Godinho e crítica pelo autor deste blogue com base numa recensão que fez da obra, em 1983/84.
Clicar para programa de um quarto de hora acerca do púlpito da Igreja de São Roque.
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