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20 fevereiro 2020

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Dicionário Montalvanês - Português II

20 fevereiro 2020 0 Comentários
A TELEVISÃO E AGORA A INTERNET VÃO ACABANDO COM A NOSSA LÍNGUA. O MODO DE SÓ NÓS NOS ENTENDERMOS ENTRE NÓS.



Aqui fica a segunda leva. Uma região que já não é bem o Alentejo, mas ainda não é Beira Baixa, nem é Espanha. Mas é quase tudo. É Montalvão. E chega! 

A

Árvéla - Desajeitado. «És cá uma árvéla.»

B

Bôvaiela - Preguiça. Boa-vida. «Anda sempre na bôvaiela.»

C

Cortice - Colmeia de cortiça. «Vai lá ao tchan pêár o burro longe do cortice!»

D

Drindinas - Birra. «Já acâbéste as drindinas?!» 

E

Estarambeque (Sôro do leite que sobra quando se fazem os queijos): Zâmbana (em Póvoa e Meadas), Almece (Baixo Alentejo), Atabefe (Alto Alentejo) ou Travia/Trevia (Beira Baixa). «Tá bô este estarambéque»


F

Férra - Pequena pá de lata para recolher o lixo. «Vai busqué a férra.»

G

Gráve - Moderno. «Olhér. Hoje vem gráve!» (com roupa nova/diferente da usada na aldeia). «Já fála à gráve!» (utilização de termos/palavras que não se usam na aldeia)

I

Infuisa - Recipiente para líquidos. «Leva a infuisa de bouibêr o lête.» 

J

Em breve neste blogue.

L

Lâmpônas - Opiniões. «Tá sempre a largar lâmpônas.»

M

Mufêdu - Amontoado de lixo. «Com a férra limpa aquele mufêdu.»

N

Nhénhínhâ - Atrapalhado. «Que nhénhínhâ!»

O

Órtegôns - Urtigas. «Já te pegaste nus órtegôns, paparou!»

P

Pêar - Colocar uma corda entre as duas patas dos animais (burros, ovelhas, cabras) para não correrem. Nos burros podem ser correntes com elos de aço. «Pêa o animal para nã fugir.»

Q

Quintu - Da mesma idade. «Um dia vã todos às sortes.» (inspecção militar)

R

Rispêde - Amargo. «Ainda stá rispêde.»

S

Sarâpantádu - Atordoado. «Essa cabóiça sempre sarâpantádâ.»

T

Teixtu - Tampa. «Nã te esqueças do teixtu da bilha d'água.» 

U

Urra - Invenção para fazer barulho na noite de Natal com uma bilha, uma pele e um pau. «Fazes tu d' urra hoje?!»

V

Vêládus - Terrenos fracos por serem secos. «Nã dá nada quêle vêládu.»

X 


Ximbarilho - Suporte para esventrar o porco na matança. «Tá já o pôrque no tchimbarilho.»

Z 


Zabumba - Tonto. «Já tá zabumba!»


Como é óbvio numa língua normal como é o montalvanês não cabem no nosso "abecedário da Vila" essas excentricidades do agá (H), kapa (K), dâbleiú (W) e ypsílon (Y)!

Os montalvanenses a quem melhor ouvi falar "montalvanês" foram os meus bisavós maternos (lado da minha avó, embora o seu pai não fosse analfabeto mas a mãe era), a minha avó materna (analfabeta) e os meus avós paternos. Eram analfabetos. Quem tinha passado pela Escola já misturava pronúncias. Obrigado pele legado que deixaram.

Maria Branca (rua do Cabo; nascida em 15 de outubro de 1889/ falecida em 19 de dezembro de 1977) casada, em 31 de maio de 1909 com:
José da Silva Leandro/Pintor (rua Derêta; nascido em 12 de maio de 1887/ falecido em 6 de novembro de 1978). NOTA: Alfabetizado (mas que utilizou muitíssimo pouco comparado com a vivência com a esposa);

Ana da Graça (rua da Costa; nascida em 22 de fevereiro de 1910/ falecida em 3 de junho de 1981); 

Manuel Miguéns/Têxêra (Santo André; nascido em 30 de agosto de 1910/ falecido em 4 de outubro de 1976) casado, em 21 de dezembro de 1932 com:
Maria Joaquina Miguéns (rua da Egrêja; nascida em 4 de agosto de 1914/ falecida em 21 de fevereiro de 2012)
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