Aqui fica a segunda leva. Uma região que já não é bem o Alentejo, mas ainda não é Beira Baixa, nem é Espanha. Mas é quase tudo. É Montalvão. E chega!
A
Árvéla - Desajeitado. «És cá uma árvéla.»
B
Bôvaiela - Preguiça. Boa-vida. «Anda sempre na bôvaiela.»
C
Cortice - Colmeia de cortiça. «Vai lá ao tchan pêár o burro longe do cortice!»
D
Drindinas - Birra. «Já acâbéste as drindinas?!»
E
Estarambeque (Sôro do leite que sobra quando se fazem os queijos): Zâmbana (em Póvoa e Meadas), Almece (Baixo Alentejo), Atabefe (Alto Alentejo) ou Travia/Trevia (Beira Baixa). «Tá bô este estarambéque»
F
Férra - Pequena pá de lata para recolher o lixo. «Vai busqué a férra.»
G
Gráve - Moderno. «Olhér. Hoje vem gráve!» (com roupa nova/diferente da usada na aldeia). «Já fála à gráve!» (utilização de termos/palavras que não se usam na aldeia)
I
Infuisa - Recipiente para líquidos. «Leva a infuisa de bouibêr o lête.»
J
Em breve neste blogue.
L
Lâmpônas - Opiniões. «Tá sempre a largar lâmpônas.»
M
Mufêdu - Amontoado de lixo. «Com a férra limpa aquele mufêdu.»
N
Nhénhínhâ - Atrapalhado. «Que nhénhínhâ!»
O
Órtegôns - Urtigas. «Já te pegaste nus órtegôns, paparou!»
P
Pêar - Colocar uma corda entre as duas patas dos animais (burros, ovelhas, cabras) para não correrem. Nos burros podem ser correntes com elos de aço. «Pêa o animal para nã fugir.»
Q
Quintu - Da mesma idade. «Um dia vã todos às sortes.» (inspecção militar)
R
Rispêde - Amargo. «Ainda stá rispêde.»
S
Sarâpantádu - Atordoado. «Essa cabóiça sempre sarâpantádâ.»
T
Teixtu - Tampa. «Nã te esqueças do teixtu da bilha d'água.»
U
Urra - Invenção para fazer barulho na noite de Natal com uma bilha, uma pele e um pau. «Fazes tu d' urra hoje?!»
V
Vêládus - Terrenos fracos por serem secos. «Nã dá nada quêle vêládu.»
X
Ximbarilho - Suporte para esventrar o porco na matança. «Tá já o pôrque no tchimbarilho.»
Z
Zabumba - Tonto. «Já tá zabumba!»
Como é óbvio numa língua normal como é o montalvanês não cabem no nosso "abecedário da Vila" essas excentricidades do agá (H), kapa (K), dâbleiú (W) e ypsílon (Y)!
Os montalvanenses a quem melhor ouvi falar "montalvanês" foram os meus bisavós maternos (lado da minha avó, embora o seu pai não fosse analfabeto mas a mãe era), a minha avó materna (analfabeta) e os meus avós paternos. Eram analfabetos. Quem tinha passado pela Escola já misturava pronúncias. Obrigado pele legado que deixaram.
Maria Branca (rua do Cabo; nascida em 15 de outubro de 1889/ falecida em 19 de dezembro de 1977) casada, em 31 de maio de 1909 com:
José da Silva Leandro/Pintor (rua Derêta; nascido em 12 de maio de 1887/ falecido em 6 de novembro de 1978). NOTA: Alfabetizado (mas que utilizou muitíssimo pouco comparado com a vivência com a esposa);
Ana da Graça (rua da Costa; nascida em 22 de fevereiro de 1910/ falecida em 3 de junho de 1981);
Manuel Miguéns/Têxêra (Santo André; nascido em 30 de agosto de 1910/ falecido em 4 de outubro de 1976) casado, em 21 de dezembro de 1932 com:
Maria Joaquina Miguéns (rua da Egrêja; nascida em 4 de agosto de 1914/ falecida em 21 de fevereiro de 2012)
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