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12 março 2020

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Ciclo da Figueira III

12 março 2020 0 Comentários
A FIGUEIRA É A ÁRVORE-MÍSTICA DOS MONTALVANENSES.



Árvore prolifera e variada, pouco exigente em solos existe por toda a freguesia desde quintais (dentro da povoação) a hortas no perímetro da aldeia e nas tapadas mais longínquas. 



Planta originária do Médio Oriente desenvolveu-se por todas as regiões com clima tropical e subtropical seco ou húmido do Hemisfério Norte com destaque para a Europa, principalmente no Sul junto do Mar Mediterrâneo.



Árvore de pequeno porte se não for cuidada pode até nem passar de um arbusto com ramos pequenos, crescendo mais em largura que altura. 


Quando o território montalvanense começou a ser povoado já existiam muitas figueiras que foi uma árvore muito útil aquando da fase da recoleção, ou seja, antes da decisão da espécie humana em começar a fazer agricultura para depender menos das condições naturais. 



A variedade múltipla dos figos, de todas as cores, feitios e sabores também é uma vantagem para quem os consuma em elevada quantidade. Ainda uma outra vantagem secular é a possibilidade de consumir figos todo o ano, não só pela frutificação desde junho (figos de São João) até finais de novembro (ainda se colhe azeitona comendo figos de alguma figueira que ande por perto...) como poder transformar uma parte em "passas" deixando-os perder líquidos ao Sol. Um fruto para ser consumido todo o ano, em fresco ou seco.




Reproduz-se com facilidade pois serve de alimento a muitas espécies animais daí nascerem figueiras onde menos se espera devido às sementes que os excrementos animais contêm. Como está perfeitamente adaptada ao clima mediterrânico não necessita de cuidados humanos para sobreviver, apenas para crescer e fortalecer. "Selvagem" é mais pequena e larga, "domesticada" (tratada) tem maior porte e é frondosa. Depois das oliveiras e dos sobreiros é a terceira espécie arbórea com mais exemplares e área ocupada, talvez mesmo a segunda devido ao envelhecimento e declínio do montado de sobro. 



A Figueira é uma planta que oferece múltiplas utilizações com vantagem de poder ser usufruída 365 ou 366 dias por ano.



1. Os seus "frutos" que não o são pois são sicónios, ou seja, as inflorescências/flores estão encerradas no invólucro tendo de ser polinizadas no interior por insectos. Daí a pequena abertura no lado contrário ao seu "pé". Quando comemos um figo comemos as inflorescências/flores da Figueira; 



2. Os seus "frutos" depois de secos transformados em passas podem ser consumidos todo o ano sendo muitas vezes reservados para celebrações solenes devido ao simbolismo cristão da Figueira, entre Adão e Eva até Judas;



3. Os seus "frutos" podem ser utilizados como compotas ou doces;



4. Os seus "frutos" também podem produzir aguardente;



5. A sua estrutura com os primeiros ramos flexíveis e folhas largas quase a tocar o solo faziam dela o ambiente ótimo para ser utilizado como "serventia" quando não havia saneamento básico em Montalvão (e este só começou a ser instalado no início dos Anos 70).




Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Figueira" com quatro publicações por ano, utilizando uma nobre figueira-comum (ou ficus carica) de Montalvão. 

A. Verão/Outono - 
Amadurecimento e apanha dos figos (publicado 25 de setembro de 2019);

Eis a Figueira Montalvanense com uma ramagem com figos a nascer (dois), outros maduros (dois) e já alguns (dois) secos a cair de maduros (em demasia) 

B. Outono/Inverno -  Recuperação do arbusto durante os dias de Sol mais escasso (publicado em 24 de dezembro de 2019);



C. Inverno/Primavera De novo as folhas e os figos, que são invólucros que contêm flores à espera da polinização (publicado em 13 de março de 2020);



D. Primavera/VerãoInício da frutificação e crescimento dos figos (a publicar em 5 de maio de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.


O texto acerca da Figueira estava previsto desde 16 de setembro de 2019 (clicar) quando foi feito o texto sobre o Medronheiro pois já estava escrito ainda antes desse dia e programado para 30 de setembro fechando, duplamente, o "Ciclo Agrícola" e o mês de setembro, por considerar esta árvore simbólica de uma «aldeia templária». Ontem foi decidido antecipar cinco dias por dois motivos: 1. Não fazia sentido manter como atualidade, até 30 de setembro, uma efeméride referente a um dia (24 de setembro); 2. Incrivelmente, durante a tarde de ontem (24 de setembro) vi um papa figos... em Lisboa. Nunca tal tinha ocorrido (nem ouvi-lo cantar quanto mais vê-lo) desde maio de 1966 quando passei a viver em Lisboa! Só em Montalvão, nos Verões lá pelos Anos 70, tinha visto tal pássaro. Ele há com cada uma que às vezes parecem duas... ou mais! 


MITOLOGIA ASSOCIADA À FIGUEIRA

1. ADÃO E EVA
Quando Adão e Eva descobriram o Bem e o Mal cobriram-se com folhas de Figueira.


2. JUDAS
Quando Judas Iscariotes se arrependeu de ter traído Jesus Cristo dando-lhe um beijo para o identificar perante os soldados romanos a troco de trinta dinheiros enforcou-se num tronco de uma Figueira. Em Montalvão dizia-se que «como castigo a Figueira foi amaldiçoada deixando de ter as outrora belas flores, mais lindas e perfumadas que as da Laranjeira, passando a dar fruto sem ter flor».








TAMBÉM O BUDISMO RELACIONA-SE, NESTA RELIGIÃO, POSITIVAMENTE COM A FIGUEIRA



Uma homenagem à árvore que, pela abundância e existência pontuada em quase todas as propriedades da freguesia, nem que seja junto a um pequeno poço, uma parede ou uma vala deu comida - em figos ou passas - a milhares de montalvanenses durante 700 anos.



Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As actividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino. A mitologia cristã da Figueira ainda a torna mais simbólica para os montalvanenses  

Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. O Carvalho: a árvore-escassa.  
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