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21 novembro 2020

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Foral Manuelino 508

21 novembro 2020 2 Comentários
RECONFIRMAÇÃO, EM 1512, DO FORAL DADO A MONTALVÃO PELO MESTRE DA ORDEM DO TEMPLO EM FINAL DO SÉCULO XIII OU INÍCIO DO SÉCULO XIV.




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14 novembro 2020

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09 Portalegre Nisa Montalvão 18

14 novembro 2020 0 Comentários
TELEFONAR PARA MONTALVÃO OU DE MONTALVÃO ERA SEMPRE UMA INCÓGNITA.



Entre a Praça e a rua da Barca
Primeiro o Correio e depois o Correio e o Telefone. Consta (mas há que confirmar) que o primeiro telefone público (n.º 1) foi instalado em Montalvão, em 1906. O primeiro privado (n.º 2) em 1917.

O correio chegava e partia da Praça (da República, depois de 5 de outubro de 1910) instalando-se com o telefone num piso térreo na rua do Hospital (atual travessa da Praça) em casa do «Ti Deniz» depois à responsabilidade da filha Mariana de Matos Diniz. Seguiu-se, na rua da Costa, o piso térreo da casa da D. Amália Godinho Castanheiro Louro (Menina Amálha dos Corrêos) que habitava no piso superior e, finalmente, no edifício da Junta de Freguesia situado na rua da Barca.
 
Se as estradas foram o primeiro meio para diminuir o isolamento de um território que durante séculos foi uma "ilha rodeada de terra" encravada, a Este e Norte, entre dois rios - Tejo e Sever - praticamente intransponíveis durante parte do ano e a Sul entre duas ribeiras que pelo seu traçado dificultavam muito a circulação, a ribeira de Nisa (Sudoeste) e a ribeira de São João (Sudeste) restando uma nesga de terreno aplanado onde estava instalado o caminho milenar entre Castelo de Vide - Castelo Branco - Castelo de Vide pela Lomba da Barca onde se fazia a travessia do rio Tejo. A ligação a Nisa era tão complexa que até à construção da ponte na Estrada Nacional n.º 359 (que tem menos de cem anos embora os esteja a completar) a ponte sobre a ribeira de Nisa era na Senhora da Graça.



O serviço de correios chegou para quebrar esse isolamento. 

Em 24 de abril de 1758, o Vigário Frei que descreve o território montalvanense a pedido da Corte, em Lisboa, também para avaliar os danos provocados, em todo o território de Portugal, pelo terramoto de 1 de novembro de 1755 é perentório.



Para a pergunta:

«Se tem Correio, e em que dias da semana chega e parte? e  se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde elle chega??»




Respondeu:



«20 - Naõ tem correyo, porque o correyo de que se serve esta Villa hé o da cidade de Portalegre; que dista seis légoas, que parte nas quintas feyras e chega no sabbado.» 


Depois houve os habituais progressos, lentos, mas efetivos.



Seguiu-se a instalação do telégrafo e telefone. A história de onde esteve primeiro, ficou depois e está agora fica para outro texto.


De Montalvão era "dar à manivela" tocava em Nisa, esta solicitava Portalegre que pedia o número de telefone de Lisboa, com seis dígitos (algarismos), depois sete e agora nove acrescentando 21 ao seu início. Quando o 21 chegou já não havia manivelas para dar. Todo o País estava dotado de rede automática.

As páginas de algumas das Listas Telefónicas:

1932


1942



1960/61



1970/71


Até 1971/72 quem telefonasse de uma rede automática para Montalvão teria de utilizar o indicativo 09, ou seja, o serviço manual. Discava o 09 para a rua Andrade Corvo, em Lisboa e depois de pedir o número que queria contactar em Montalvão lá ia ouvindo fazer o pedido para Portalegre e depois Nisa. De Montalvão para uma rede automática era o inverso. Manivela. Depois pedir o número da rede automática com seis dígitos.



Depois de 1972/73  a área abrangida pela rede de Portalegre recebeu um indicativo próprio, o 0045.



Depois, em 1975/76, reduzido a 045.


1980/81


Mas até 1988/89 o serviço telefónico estava limitado pelo horário do serviço manual em Nisa, ou seja, o horário da estação de correios. Montalvão mantinha telefones apenas numerados pela ordem cronológica da instalação.



Até há cerca de 30 anos só se conseguia telefonar para e de Montalvão, entre as 09:00 e as 12:30 horas. Fechava para almoço. Depois entre as 14:00 e as 18:00 horas. Fechava até à manhã seguinte. De segunda-feira a sexta-feira.

1990/91


Enquanto os números telefónicos das redes no litoral, por serem mais numerosos passam a sete dígitos, em Montalvão passam a cinco, com os três primeiros 431 a juntarem-se aos dois já existentes. 

2000/01



Com o sistema digital fixo (com o 2) e o móvel (com o 9), Montalvão passa a ter nove dígitos como em todo o território, com os números 2457 a juntarem-se aos cinco já existente. E assim ficou...





Assim se foi fazendo Montalvão...
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08 novembro 2020

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Monte do Pombo

08 novembro 2020 0 Comentários
UM LUGAREJO DE MONTALVÃO QUE CHEGOU A TER 27 CASAS E 67 PESSOAS EM HABITAÇÃO PERMANENTE.



Em meados dos Anos 50 começou a ficar despovoado até perder o último habitante temporário nos Anos 60 e definitivo nos Anos 70.



Seguiu-se o abandono.

O lugarejo mais Setentrional do Além-Tejo
Mas chegou a ser a localidade, ainda que um lugarejo (Monte) mais a norte do Norte Alentejano, com nascimentos e mortes registadas e certificadas. A última localidade antes de atravessar o rio Tejo para Norte ou a primeira depois de atravessar o grande rio peninsular de Norte para Sul.


Em 1758: 13 edifícios e cinquenta pessoas
Na descrição (arquivada na Torre do Tombo, em Lisboa) que Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça faz, em 24 de abril de 1758, a pedido do Poder Central, em Lisboa, para avaliar os estragos provocados pelo terramoto em 1 de novembro de 1755 (original e tradução) à pergunta:

«6. Se o tem, que Lugares, ou Aldeas, comprehende, como se chamaõ, e que visinhos tem?» 

De Montalvão responde: «= Tem e comprehende em si esta freguesia, cinco lugares a que vulgarmente se chama Montes = a saber Monte do Pombo que tem trese fógos e trinta e três pessoas de comunhão; dezassete pessoas menores. -»



Ocupação humana e agrária compreensível e justificada
Era um local fundamental para poder usufruir de condições geomorfológicas superiores às da maior parte do território. Condições - arcoses e cascalheiras - muito semelhantes às que permitiram estabelecer ocupação humana e crescimento populacional na Salavessa. Estas condições justificavam, em grande parte, a sua existência e localização.



A localidade de Montalvão como sede de concelho e depois de freguesia ficou sempre muito periférica em relação ao centro geográfico do território que tem sob sua "jurisdição".

Caminho Castelo de Vide para Castelo Branco e vice-versa
O Monte do Pombo não ficava em pleno caminho milenar que ligava Castelo de Vide a Castelo Branco ou este a Castelo de Vide mas ficava numa encosta para Nordeste, com muita e boa água, já muito próximo da Lomba da Barca, onde se fazia a travessia do rio Tejo. A uma légua de Montalvão, concretamente 4.8 quilómetros e a 1,1 quilómetros da margem esquerda do rio Tejo.


O Ti Mané Corrêa
Foi o grande proprietário dos terrenos ao redor do Monte do Pombo. Os habitantes deste lugarejo faziam muitos trabalhos sazonais para ele, tal como para o Laia (dono da herdade Lomba da Barca) e com origem num povoado da Beira Baixa. Muitos habitantes do Monte do Pombo viviam das suas hortas - o lugarejo era generoso em água permitindo hortas junto das linhas de água - vendendo em Montalvão. Além disso alguns habitantes de Montalvão tinham olivais, com alguns sobreiros e pinheiros mansos, nos cabeços de arcoses e cascalheiras pois estas permitiam que, também, a cobertura vegetal fosse generosa. Uma "saca de azeitona" do Monte Pombo dava um alqueire de azeite. Eram consideradas das melhores oliveiras do território montalvanense. Até ao apanhar (ripar) azeitona ficavam as mãos logo untadas, enquanto noutros locais a azeitona era mais «abrufêra» (água russa) que «azête». Escrever acerca do Monte do Pombo nunca se pode olvidar os antepassados do Ti Mané Corrêa e dos seus descendentes. Provavelmente foram dos primeiros a chegar e de certeza, os últimos, a abandonar o lugarejo.





Assim se foi fazendo e desfazendo Montalvão

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07 novembro 2020

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Morujo Júlio 76

07 novembro 2020 1 Comentários

O GRANDE ATLETA MONTALVANENSE COMPLETA 76 ANOS, NESTE DIA 7 DE NOVEMBRO DE 2020.



Declaração de interesses: vi Morujo Júlio correr mais de duas dezenas de vezes, ao vivo e a cores, no corta-mato (campeonatos regionais, nacionais e "Corta-mato dos Dez"), em estrada (Estafeta Cascais - Lisboa) e nas pistas (campeonatos regionais e nacionais, além de outras competições). Vi-o no Vale do Jamor e noutros terrenos acidentados nos arredores de Lisboa (do Campo Grande aos terrenos junto ao estádio da Luz), na Marginal, particularmente em Paço d'Arcos e em muitas pistas: estádio Nacional, José Alvalade, estádio Universitário, Restelo e FNAT/Inatel (atual 1.º de Maio). Penso que nunca o vi correr na pista sintética do SL Benfica. Nunca o vi correr em pista coberta (pavilhão do estádio universitário). Não fui ver as competições para o ver. Fui ver as competições para ver o Benfica vencer. Infelizmente celebrei poucas vitórias do Benfica frente à fortíssima equipa do SCP. "Torcia" pelo Benfica frente a ele, mas...torcia por ele (por ser de Montalvão) frente aos seus colegas de clube: Carlos Lopes e Fernando Mamede. Repito. Vi-o correr mais de duas dezenas de vezes, por vezes passar a um palmo de onde estava nas competições de corta-mato e estrada.


NOTA INICIAL: Esperemos que em 2024, aquando dos seus 80 anos, os blogues tenham maior capacidade que atualmente... Já colocar "tanto peso" em digitalizações foi como correr uns quantos quilómetros! Estatísticas e informações retiradas do portal do jornalista Manuel Arons de Carvalho (clicar).


É muito complexo fazer corresponder na atualidade os edifícios ao que eram há 60/80 anos pois neste caso, um prédio (o n.º 46) resultou da aglutinação de duas casas, onde ele nasceu mais à esquerda (depois da Xá Quetéra) e outro mais à direita da Xá Rosalina. Eram casas de um piso, muito diferentes da atual, em altura, largura e fisionomia (sem varanda)

Em 7 de Novembro de 1944 (terça-feira) nasceu na rua da Barca, José Morujo Júlio, filho único. Deixou Montalvão aos seis meses de idade, vivendo em Lisboa até aos seis anos. Regressou com os pais a Montalvão, onde entre os seis e os dez anos fez a instrução primária na «Escola Nova» e o exame da 4.ª classe como habitualmente em Nisa. Filho de pai Benfiquista cedo revelou inclinação para o Sporting Clube de Portugal. Em Montalvão não revelou especial aptidão para as corridas, embora fosse imbatível no jogo da "barra do lenço", em Montalvão denominado "Tirar a Bandeira», jogado muitas vezes no Adro. Era temível.

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03 novembro 2020

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Os Curandeiros

03 novembro 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE "CURADORES DE MALEITAS" EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Senhô Zé Barbêre.

Com barbearia na rua do Outeiro junto à Praça (da República, depois de 5 de outubro de 1910) o Senhô Zé Barbêre era o "Ai! Valha-me Deus" para a população da freguesia de Montalvão que chegou a estar próxima de três mil pessoas, em meados dos Anos 50 (2 649 no Recenseamento Geral da População de 1950 mas continuou a aumentar ainda mais uns anos para ser de 2 264 no "Censo de 1960"). 

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Quando as pessoas tinham uma dor de dentes lá iam em correria pedir, por favor tire-me este desconforto, ao Senhô Zé Barbêre.

Quando se torcia alguma perna ou braço era ao Senhô Zé Barbêre, que alguém ou alguns, pegavam no sofredor e entregavam-no mazelado em casa dele. Esperavam e eis que viam regressar um outro ser como que ressuscitado do sofrimento.

Quando se tinha um dor de barriga era ir a correr ao Senhô Zé Barbêre, o mais breve possível, para estar em conforto, o mais tempo possível.

Quando se tinha uma dor de cabeça, com permanência ou frequentemente, só havia uma solução. As "mézinhas" do Senhô Zé Barbêre faziam "milagres" em pouco tempo.

Quando se partia algum osso, eram as talas que tinha, e o modo como as colocava, com ligaduras bem compostas e mãos ágeis e habilidosas que permitiam ao enfermo ter confiança na recuperação rápida e sem mazelas para o futuro.

Quando havia feridas com gravidade, que não podiam ser curadas a esfregar a pele arrepiada, pois mostravam carne exposta e tendões a desfiar, era o Senhô Zé Barbêre que sabia o que fazer e como fazer. Quem estava ferido acreditava que depois de passar por ele deixara de estar ferido ou tão ferido...


Numa população com quase três mil pessoas, tão isolada, havia sempre alguém a quem era necessário recorrer pois não havia médicos, enfermeiros ou farmacêuticos. O Senhô Zé Barbêre não era nada disto e era tudo. Para servir todos. Os montalvanenses expiavam nele as dores do corpo e, por vezes, até as da mente. Ele sabia conversar e era convincente. Dava a tranquilidade que se desejava e procurava. 



Indicar com precisão algumas das habitações com 60/80 anos de diferença é tarefa muitas vezes impossível pois, entretanto, houve edifícios vizinhos que se aglutinaram para deles resultar um como também houve o processo contrário, ou seja, edifícios que foram divididos por motivos vários, entre eles processos de "partilhas" (heranças).




A barbearia/curadoria era a "primeira casa baixa" à esquerda, na atualidade estão duas casas aglutinadas, a dele e a do vizinho debaixo, com barra ocre.

Era de trato fino, palavras meigas e certeiras que davam descanso, ajeitavam a alma intranquila e curavam emoções descontroladas.


Foi um sobrinho dele, casado para a Salavessa, que herdou o seu jeito, curiosidade, confiança e sabedoria. Montalvão passou a ir à Salavessa.

Problemas emocionais mais graves era no confessionário perante o Senhô Padre.



Eis um montalvanense pelo qual havia tanta estima, consideração, confiança, apego, reconhecimento e apreço que sendo do Povo (e popular) era como se fosse dos «Riques», em montalvanês, o nome dos Lavradores-Proprietários. Era Senhor e não era Ti. Senhor José Barbeiro, o mui nobre e leal para os montalvanenses, Senhô Zé Barbêre.

Próxima "paragem": Os Regedores
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