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28 março 2020

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Resistir é Vencer

28 março 2020 0 Comentários
MONTALVÃO TEM 216 HABITANTES COM 70 OU MAIS ANOS.




Quase todos os habitantes mais idosos vivem no Lar. Além da proveta idade têm doenças que fazem dos utentes do Lar um grupo de risco face à COVID-19. 



Quem vive fora da localidade não devia ir a Montalvão nas próximas semanas. Cordão sanitário voluntário é fundamental para garantir a boa saúde dos veteranos montalvanenses.

Fazer contenção durante os próximos dias é garantir poder acarinhar familiares e amigas/amigos lá mais para o Verão.



Garantir a saúde em Montalvão é evitar levar para a povoação um virús tão fácil de contagiar e propagar por via respiratória.


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26 março 2020

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As Pipas Assobiadoras

26 março 2020 0 Comentários
POUCAS BRINCADEIRAS DOS CATCHÔPOS E CATCHÓPAS TINHAM MAIS SUCESSO QUE ROUBAR PIPAS.



Assim que um asno ou muar carregado de farrejo* entrava numa das ruas de Montalvão caiam-lhe em cima as catchópas e catchôpos que avistavam o farrejo carregado pelo animal para puxar os caules. O animal por vezes arreava ao chão tal o corrupio.



Dos caules, tiravam-se as folhas e cortavam-se secções entre dois nós, fazendo um rasgo lateral com a unha. Depois numa das pontas - a que já não tinha o nó - assoprava-se para que assobiasse. Era a vibração do rasgo no caule que fazia o som pois o nó no outro extremo impedia o ar de sair. Uma algazarra em chinfrineira orquestrada pelas ruas montalvanenses.



Eis o que era uma «pipa» montalvanense. 



* Farrejo - cultura arvense (cereal) ceifada ainda verde para alimentar animais herbívoros.


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21 março 2020

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Não Passará!

21 março 2020 0 Comentários
MONTALVÃO EM QUASE SETE SÉCULOS JÁ PASSOU POR MUITAS EPIDEMIAS.



E em todas, com maior ou menor dificuldade, soube sobreviver. 



Passou a «Peste Bubónica» (1343 a 1353), muitas outras até à«Pneumónica ou Gripe Espanhola» (1918 e 1919) resultante da falta de higiene com a Grande Guerra. Na freguesia de Montalvão, no Recenseamento de 1911, havia 2 046 habitantes com apenas um aumento de 124 montalvanenses em nove anos, ou seja, cerca de 13 por ano quando na década anterior aumentou 21 por ano. Defumavam-se as habitações, queimando rosmaninho, onde havia uma morte.




Guardem bem os montalvanenses seniores que se encontram no Lar
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Montalvão: Terra dos Poetas Ativos

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UM POETA NUNCA MORRE. É ETERNO COMO O TEMPO. VAI-SE O CORPO FICA O CAMINHO. FICA O ENLEVO.


Leiam, os poetas montalvanenses de agora...





A maior parte dos poetas montalvanenses são rimadores ou poetas populares como se costuma dizer, mas prefiro rimadores, pois todos podem ser populares se tiverem qualidade. O poeta algarvio António Aleixo - nasceu em Vila Real de Santo António, viveu e faleceu em Loulé, com passagens por Faro e emigrante em França - é um rimador e tem muita qualidade. Tem sentido. Em Montalvão há registos para mais de vinte rimadores. O que é necessário é tempo para encontrar os papéis. Não os tendo e querendo fazer este texto para o dia de hoje, resta digitalizar o que está mais à mão. Ficarão outros para um segundo texto a publicar o mais breve que for possível. Entre todos os rimadores montalvanenses que conheço o Ti António Branco que improvisava com facilidade e muitas ficaram por escrever mas nunca por dizer. Eis duas rimas fantásticas de um poeta versátil.

A Música de Montalvão



Trata Bem Este Velhinho



E há os poetas da sublimação. Os que conseguem trovar colocando sentimento na emoção transportando quem os lê para a dimensão da fluidez das recordações ou sensações. O caso mais notável, dos que conheço, é o de Carlos Alberto Lucas Silva, com dois livros publicados - embora ainda não tenha tido acesso ao segundo - e uns quantos por publicar. Quatro poemas do seu primeiro livro (que tem por capa a imagem que ilustra o texto de hoje).





E assim se faz Montalvão, em parte e no todo, sem ser em vão 
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20 março 2020

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Os Marceneiros

20 março 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE MARCENEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti Juan Branco na rua da Costa (ao Fundo da Rua), o Ti Bente na rua Direita, o Ti Juan Mercenêre na rua do Outeiro e o Ti Juan Papagai, na rua de Sam João. 



Com os Carpinteiros vocacionados para fazer utensílios para a Lavoura, portas, soalhos e forros dos telhados (sobrecamas), cabia aos Marceneiros tratarem do interior das casas. Eram dois ofícios que se complementavam e muitas das vezes uns - os Marceneiros - ajudavam os outros - os Carpinteiros.  


(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Os utensílios e ferramentas dos Marceneiros eram praticamente os mesmos dos utilizados pelos Carpinteiros, mas para acabamentos em mobiliário tinham ferramentas e produtos para dar mais polimento e brilho à madeira.



Escrever acerca dos Marceneiros montalvanenses é descrever o interior e a organização das habitações em Montalvão. Como as casas eram pequenas as mobílias não podiam ser grandes pois ficariam à porta!



A Sala
Dominavam as cadeiras e uma mesa maior podendo haver uma arca com toalhas e outros panos para servir refeições mais concorridas.



Outra Sala (se houvesse dois pisos)
Domínio dos Guarda Loiças com arcas onde se guardavam enxovais e rendas de heranças ancestrais de antepassados que eram estimados.



Quartos de Cama
Pouco de marcenaria. As camas eram de ferro por isso feitas pelos ferreiros mas havia arcas com a roupa de Verão e Inverno que iam-se revezando ao longo do ano. Em Montalvão não há mantas que cheguem de Inverno e até um lençol está a mais no Verão.



Cozinha
Uma mesa pequena e cadeiras empalhadas e bancos que giram entre a mesa e chegar-se ao lume na parede do fundo. Uma Estante para acolher a loiça pronta e lavada para as refeições.



Os Marceneiros faziam e arranjavam o mobiliário mas este durava, durava, por isso Montalvão, a cada geração necessitava de poucos mas bons. E tinha. Com uma variedade de ferramentas que ia passando de geração em geração (clicar)(clicar).



Funerais
O Ti Bente na rua Direita era o Marceneiro dos poucos caixões que se faziam em Montalvão. Não eram muitos os funerais com caixão ou urna. Os mortos geralmente iam em mortalha, feita de linho caseiro, cosida junto à cabeça e aos pés, formando monhos para lhe pegarem, além de ataduras ao meio e às quartas partes para facilitar o transporte, colocar no esquife ou na tumba e tirá-lo para a sepultura. As crianças eram transportadas em «esquifes» existentes na igreja da Misericórdia, havendo um para os recém-nascidos (anjinhos) e outro para crianças até oito anos ou pouco mais, com cerca de 1,20 metros. A «Tumba» era um esquife com uma armação de madeira em forma de arco, para poder receber uma cobertura de pano preto. Estava reservada aos adultos. Os funerais de esquife eram gratuitos e os de tumba (com mortalha) metade do preço dos realizados com urna ou caixão. O ritual dos enterros em Montalvão merecerão um texto, num futuro próximo neste blogue, dedicado a um pesar tão profundo em que se juntava toda a aldeia.



Marceneiros. O ofício que equipava as casas e garantia alguma comodidade aos montalvanenses. Bem hajam.

Próxima "paragem": Os Açougueiros
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17 março 2020

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Ciclo do Carvalho III

17 março 2020 0 Comentários
O CARVALHO ERA A ÁRVORE-ESCASSA DOS MONTALVANENSES.




Planta magnífica em robustez (as árvores morrem de pé) foi importante para os montalvanenses durante séculos. 


Desenvolveu-se no território atual da freguesia de Montalvão muito antes deste existir como povoado - até mesmo haver atividade pré-histórica - pois é uma espécie autóctone. O espaço que constitui a freguesia montalvanense tinha condições naturais - solos formados a partir de rochas metamórficas de xisto («canchos» em montalvanês) e intrusões magmáticas em filões de grauvaques («ponedros» em montalvanês) e clima (humidade e temperatura) - que foram propícias a que evoluíssem umas espécies em detrimento de outras. De todos os "Quercus" é o mais exigente em humidade (menos tolerante à secura) e solos (mais granito e calcário que xisto). Com exigências "intermédias" tem dificuldade em competir com espécies que toleram bem a humidade, mesmo a do litoral (pinheiro-manso) e com as que toleram bem a secura (azinheiras, amendoeiras e alfarrobeiras)

Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar)

Com a comercialização de madeiras da América do Sul (Brasil) e África (depois do Descobrimento da América, por Cristóvão Colombo, em 12 de outubro de 1492 e da exploração do Continente Africano, após a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822) o Montado de Carvalho sofreu uma grande redução mas ainda é possível observar algumas dezenas de carvalhos-cerquinho pelo vasto território montalvanense. Muito menos que as Oliveiras, Sobreiros  e Azinheiras mas mesmo assim ainda será a quinta árvore (superada, também, pela Figueira) mais representada na freguesia. A sua redução - nos Anos 60 eram apenas cerca de 200 exemplares numa área com o equivalente a 13 mil campos de "Futebol de Onze" - deverá estar muito reduzida, talvez a pouco mais de 20/30 exemplares, quase todas nas "Barreiras do Rio", ou seja, nos vales dos afluentes do rio Sever, em particular nos declives da ribeira de São João onde era possível ver alguns carvalhos-cerquinho, até mesmo, carvalhos-negral. Estas duas espécies são muito mais abundantes no concelho de Castelo de Vide, logo a partir na freguesia mais a norte desse concelho, a de Póvoa e Meadas. Em Montalvão os carvalhos têm um porte tão pequeno que se assemelham a arbustos.   

Carvalho foi trave-mestra dos montalvanenses.

1. A sua sombra e proteção todo o ano, com destaque para a frescura do Verão (a melhor dos "Quercus" existentes em Montalvão) pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;

2. A madeira é de boa qualidade com um tronco mais esguio e regular que os restantes «Quercus». Antes da introdução do Eucalipto (originário da Oceania, essencialmente Austrália, do clima sub-tropical seco do Hemisfério Sul) por isso adaptou-se bem ao clima Mediterrânico que é sub-tropical seco do Hemisfério Norte, a madeira de carvalho era utilizada para fazer traves que suportavam os sobrados (em construções de pedra com telhados de telha-cana e escadas); 

3. Os frutos (glande) são fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis) embora com menos valor que a da azinheira, mas semelhante, à do sobreiro, embora este dê muito mais lande, por ter maior copa;

4. As folhas (glande) as mais "macias" dos «Quercus» também foram fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis) e caprino.

Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Carvalho" com quatro publicações por ano, utilizando um nobre carvalho de Póvoa e Meadas.

A. Verão - Início da frutificação e crescimento da bolota (publicado em 30 de agosto de 2019);


Há ainda os Bugalhos desenvolvidos no carvalho-negral, por exemplo, que são a reacção da planta à agressão de um insecto (vespa) quando pica os pequenos ramos para fazer a sua reprodução. 



Os bugalhos eram os berlindes dos jovens montalvanenses antes da invenção dos "pirolitos". 


Estes bugalhos foram surripiados de um carvalho existente na "Barragem da Póvoa".

Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar)

B. Outono - Amadurecimento e apanha da bolota (publicado em 26 de dezembro de 2019);

As bolotas dos carvalhos - tal como a dos sobreiros - são muito mais pequenas que as das azinheiras. Em Montalvão, os carvalhos são uma raridade. Já os Sobreiros, não! As bolotas (carvalhos e sobreiros) são tão pequenas que nem bolotas são. Não passam de Lande, para se distinguirem das Bolotas (azinheiras). A Lande só para consumo dos porcos. Já as das azinheiras, de subespécies, em que sejam adocicadas são um acepipe de alto gabarito

C. Inverno - Inflorescências e floramentos que polinizados darão os frutos do novo ano. As folhas tenras e comestíveis que cresceram nos últimos meses desde que os dias têm também crescido, ou seja, desde o Solstício de Inverno (publicado em 17 de março de 2020); 


D. Primavera - Os pequenas e verdes frutos a crescerem (a publicar em 15 de abril de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue. 


Garrafas "pirolitos" comercializadas até aos Anos 60

Uma homenagem à Árvore que deu qualidade de vida a milhares de montalvanenses durante 700 anos.


Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. O Sobreiro: a árvore-virtuosa.  
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16 março 2020

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Faria Artur: do Parto a Órfão

16 março 2020 0 Comentários
HÁ 139 ANOS, EM 16 DE MARÇO DE 1881, NASCEU NUMA DAS CASAS DA PRAÇA, O MONTALVANENSE FARIA ARTUR.



Nunca se esqueceu da sua querida mãe Tomásia - embora a tenha perdido antes dos três anos de idade - cujo o nome aparece inúmeras vezes nos livros didáticos que foram publicados, anos a fio, e que ajudou a fazer. 



Nos textos que fez de agradecimento à mãe adoptiva (Casa Pia) nunca se esqueceu da terrível infância por que passou.



Foi batizado onde fomos todos nós, os montalvanenses, em 4 de maio de 1881, com um mês e 18 dias.



Nasceu numa família abastada - o pai era lavrador, ou seja «rico», em montalvanês - em 16 de março de 1881, efeméride que este texto assinala. O pai tinha 42 anos e três meses (nasceu montalvanense, em 15 de dezembro de 1838) e a mãe tinha 36 anos e sete meses (nasceu montalvanense, em 18 de agosto de 1844).

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Aos dois anos, três meses e seis dias ficou órfão de pai que faleceu, em 22 de junho de 1883, com 44 anos e seis meses (nasceu em 15 de dezembro de 1838). Cinco meses depois o «golpe fatal" ainda bébé.



Aos dois anos, sete meses e 29 dias ficou órfão de mãe que faleceu com 15 de dezembro de 1883, com 39 anos e quatro meses (nasceu em 18 de agosto de 1844). 



Um dos mais belos, didáticos e conseguidos livros da sua co-autoria.



Tem uma obra de valor, em quantidade e qualidade.



Orgulho ser de Montalvão, partilhando a aldeia, com um Enorme Cidadão Português nela nascido
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