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27 fevereiro 2020

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Era Uma Vez Um Mapa

27 fevereiro 2020 0 Comentários
QUE DURANTE DÉCADAS ESTEVE NAS SALAS DE AULA PORTUGUESAS.



Foi o mapa escolar mais rigoroso feito em Portugal nos Anos 30 (Março de 1937) só mais tarde, na década de 50, suplantado por outros que integravam temáticas diversificadas, como as principais serras, os rios e as batalhas. Entre as cidades e vilas, Faria Artur não se esqueceu de mapear uma aldeia, a sua aldeia de Montalvão. Além de escrever inúmeras lições nos quatro livros do ensino primário, dicionários e vocabulários, com vocação para a Geografia, os assuntos desta ciência tiveram nele o especialista entre os quatro autores que colaboravam para permitir aos alunos portugueses um ensino facilitado dentro da exigência de ao fim de quatro anos estar apto para seguir estudos ou ter formação para ser bom profissional e cidadão.



Co-autor com Manuel Subtil, Cruz Filipe e Gil Mendonça, tendo como ilustrador Eduardo Romero, dos livros de leitura das quatro classes do ensino primário, dezenas (centenas ?) de montalvanenses aprenderam pelos seus livros e estudaram pelo mapa pelo qual foi o maior responsável, sem que soubessem que Faria Artur era natural de Montalvão. O que é incompreensível como não era assunto relevante, na Escola, em Montalvão.  


Agradecimento aos responsáveis pelo arquivo da Casa Pia de Lisboa que permitem "estudar" a passagem de Faria Artur pela nobre Instituição em final do século XIX. Foi um dos melhores alunos da sua geração na disciplina de Geografia terminando o exame com 18 valores, em 20!

António de Matos Faria Artur lutou contra o destino. Ainda não chegara aos três anos, já era órfão de pai e - quatro meses depois - da mãe, ambos faleceram na sua habitação, na Praça (da República, depois de 1910). Com pouco mais de oito anos, deixou Montalvão e foi internado na Real Casa Pia de Lisboa onde fez o ensino primário e o Liceu, em nove anos. Aos 17 anos, saiu provisoriamente dois anos letivos para o Seminário Patriarcal. Aos 19 anos, deixou a Instituição, distinguindo-se com mérito a todos os níveis, desde o académico ao comportamento.



Depois do casamento na Sé de Portalegre com uma nisense (D. Maria Luiza), regressou à Instituição onde foi professor do ensino primário durante 25 anos letivos, até se aposentar com 62 anos. Ficou viúvo, aos 82 anos, e faleceu, em Lisboa, a seis dias de completar 90 anos. Certamente que neste blogue haverá um regresso a mais evocações de Faria Artur num futuro próximo.



Houve outros mapas que tendo mais informação foram substituindo o mapa do montalvanense.




Entre outros, este foi o mapa escolar que estava pendurado numa das paredes das duas salas de aula onde estive quatro anos, dois em cada uma. Já não era o do montalvanense Faria Artur. 



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25 fevereiro 2020

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Manoel Godinho 308

25 fevereiro 2020 0 Comentários
HÁ 308 ANOS FOI SEPULTADO NA IGREJA MATRIZ DE LOURES O MAIS FAMOSO MONTALVANENSE.


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20 fevereiro 2020

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Dicionário Montalvanês - Português II

20 fevereiro 2020 0 Comentários
A TELEVISÃO E AGORA A INTERNET VÃO ACABANDO COM A NOSSA LÍNGUA. O MODO DE SÓ NÓS NOS ENTENDERMOS ENTRE NÓS.



Aqui fica a segunda leva. Uma região que já não é bem o Alentejo, mas ainda não é Beira Baixa, nem é Espanha. Mas é quase tudo. É Montalvão. E chega! 

A

Árvéla - Desajeitado. «És cá uma árvéla.»

B

Bôvaiela - Preguiça. Boa-vida. «Anda sempre na bôvaiela.»

C

Cortice - Colmeia de cortiça. «Vai lá ao tchan pêár o burro longe do cortice!»

D

Drindinas - Birra. «Já acâbéste as drindinas?!» 

E

Estarambeque (Sôro do leite que sobra quando se fazem os queijos): Zâmbana (em Póvoa e Meadas), Almece (Baixo Alentejo), Atabefe (Alto Alentejo) ou Travia/Trevia (Beira Baixa). «Tá bô este estarambéque»


F

Férra - Pequena pá de lata para recolher o lixo. «Vai busqué a férra.»

G

Gráve - Moderno. «Olhér. Hoje vem gráve!» (com roupa nova/diferente da usada na aldeia). «Já fála à gráve!» (utilização de termos/palavras que não se usam na aldeia)

I

Infuisa - Recipiente para líquidos. «Leva a infuisa de bouibêr o lête.» 

J

Em breve neste blogue.

L

Lâmpônas - Opiniões. «Tá sempre a largar lâmpônas.»

M

Mufêdu - Amontoado de lixo. «Com a férra limpa aquele mufêdu.»

N

Nhénhínhâ - Atrapalhado. «Que nhénhínhâ!»

O

Órtegôns - Urtigas. «Já te pegaste nus órtegôns, paparou!»

P

Pêar - Colocar uma corda entre as duas patas dos animais (burros, ovelhas, cabras) para não correrem. Nos burros podem ser correntes com elos de aço. «Pêa o animal para nã fugir.»

Q

Quintu - Da mesma idade. «Um dia vã todos às sortes.» (inspecção militar)

R

Rispêde - Amargo. «Ainda stá rispêde.»

S

Sarâpantádu - Atordoado. «Essa cabóiça sempre sarâpantádâ.»

T

Teixtu - Tampa. «Nã te esqueças do teixtu da bilha d'água.» 

U

Urra - Invenção para fazer barulho na noite de Natal com uma bilha, uma pele e um pau. «Fazes tu d' urra hoje?!»

V

Vêládus - Terrenos fracos por serem secos. «Nã dá nada quêle vêládu.»

X 


Ximbarilho - Suporte para esventrar o porco na matança. «Tá já o pôrque no tchimbarilho.»

Z 


Zabumba - Tonto. «Já tá zabumba!»


Como é óbvio numa língua normal como é o montalvanês não cabem no nosso "abecedário da Vila" essas excentricidades do agá (H), kapa (K), dâbleiú (W) e ypsílon (Y)!

Os montalvanenses a quem melhor ouvi falar "montalvanês" foram os meus bisavós maternos (lado da minha avó, embora o seu pai não fosse analfabeto mas a mãe era), a minha avó materna (analfabeta) e os meus avós paternos. Eram analfabetos. Quem tinha passado pela Escola já misturava pronúncias. Obrigado pele legado que deixaram.

Maria Branca (rua do Cabo; nascida em 15 de outubro de 1889/ falecida em 19 de dezembro de 1977) casada, em 31 de maio de 1909 com:
José da Silva Leandro/Pintor (rua Derêta; nascido em 12 de maio de 1887/ falecido em 6 de novembro de 1978). NOTA: Alfabetizado (mas que utilizou muitíssimo pouco comparado com a vivência com a esposa);

Ana da Graça (rua da Costa; nascida em 22 de fevereiro de 1910/ falecida em 3 de junho de 1981); 

Manuel Miguéns/Têxêra (Santo André; nascido em 30 de agosto de 1910/ falecido em 4 de outubro de 1976) casado, em 21 de dezembro de 1932 com:
Maria Joaquina Miguéns (rua da Egrêja; nascida em 4 de agosto de 1914/ falecida em 21 de fevereiro de 2012)
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18 fevereiro 2020

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Ciclo do Loureiro III

18 fevereiro 2020 0 Comentários
O LOUREIRO É A ÁRVORE-LUSTROSA DOS MONTALVANENSES.



Há muitos e variados loureiros mas em muito poucos se sente o poder daquela doce sensação que exala doçura em vez de ser mais uma folha de uma qualquer árvore ou arbusto. 




O Loureiro a que quanto mais folhas se roubam até parece que, no dia seguinte, tem mais para oferecer!


Com poucas palavras e frases curtas consegue-se descrever bem esta árvore arbustiva (clicar) para o portal "Brigada da Floresta".




Planta originária das margens do Mar Mediterrâneo e costa temperada atlântica abundava no território que é na atualidade a freguesia de Montalvão. Só as espécies em locais condignos para extrair deles as folhas mais aromáticas sobreviveram. O seu espaço foi ocupado, humanizado, com espécies de maior rendimento: Oliveiras, Sobreiros, Figueiras e Azinheiras.





Em Montalvão está já no limite oriental temperado além da costa oceânica atlântica.



Espécie nobre o Laurus nobilis ainda é na atualidade amplamente utilizado para premiar algo ou alguém. Como se sabe para sinónimo de premiado utiliza-se...



Laureado como premiado. 



O Loureiro é uma planta que oferece poucas mas decisivas utilizações.



1. As suas folhas a secar que abundam em toda a árvore desde o caule junto ao terreno até bem lá em cima no cocuruto da copa;



2. As suas folhas verdes que estão ao nosso dispor todo o Santo Ano, 365 ou 366 dias vezes os anos que a árvore durar;



3. As folhas e ramos que entrelaçados são ótimos para laurear vencedores e consolar vencidos;




4. A madeira do caule ereto duro mas roseada é utilizada para fazer embutidos - entalhes coloridos - em peças de marchetaria.  



Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Loureiro" com quatro publicações por ano, utilizando um nobre loureiro da Charneca de Montalvão. 




A. Verão - O aroma transbordante de desejo e apaladar refeições veraneias (publicado em 21 de setembro de 2019);



B. Outono - Amadurecimento dos frutos do «lórêru» em montalvanês (publicado em 16 de dezembro de 2019);




C. Inverno - Inflorescências e floramentos 
(publicado hoje, em 18 de fevereiro de 2020); 



D. Primavera - Amadurecimento dos frutos (a publicar em 22 de maio de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.


Uma homenagem à árvore que, escasseando na freguesia e tendo bem delimitados os locais onde tem aroma QB (quanto baste) deu melhor paladar às refeições de milhares de montalvanenses durante 700 anos. 




Um louro da Charneca é tão loureiro como os melhores louros do Mundo. 



Próxima paragem, num dia destes, no Futuro próximo. A Parreira: o arbusto-preferido.  


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16 fevereiro 2020

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Capital Nacional do Açafrão

16 fevereiro 2020 0 Comentários
A FREGUESIA ENTRA NO SÉCULO XXI A GANHAR.



A cultura do Açafrão tem como exigência não ter necessidade de ser exigente. Em muitas áreas da freguesia tem condições para desenvolver-se como em poucos outros locais de Portugal, até no Mundo. Com terrenos limpos, o Açafrão necessitando de solos pobres, pouca humidade, temperaturas extremas - baixas numa parte do ano (Inverno) e muito altas noutra estação (Verão) - não tem muitas outras plantas que lhe façam concorrência.



Em terrenos de Charneca - solos arenosos, porosos, onde a pouca inclinação em terrenos elevados permitem pouca retenção de humidade - o Açafrão está nas suas "Sete Quintas". Nem as Xaras e Giestas medravam naqueles terrenos, com vegetação esparsa de Sargaços e Carqueja. 



Quando se passava o dia na «Charneca do Avô Silva» (na realidade bisavô materno do lado da avó) aproveitavam-se os talhões lá em baixo com água boa, para regar legumes, onde havia também Loureiros e Abrunheiros. Na meia encosta: mais à sombra, Castanheiros; na mais solarenga, Medronheiros. De resto sargaços (em cima) e carquejas (em baixo).



Por vezes, havia idas lá para terrenos atrás dos palheiros, a umas oliveirinhas, no "Cabeço do Ouro", em areão entre ponedros e no caminho uma mina de pedra para cal. Lá do alto, junto ao mato do talefe OURO, olhava-se para a Salavessa. Entre esta e o "Cabeço do Ouro" as chamadas "Terras da Montesinha" ainda mais pobres. Até os sargaços e as carquejas pareciam de miniatura.



Pois é nestas terras semi-áridas, no deserto montalvanense, que agora florescem açafrões de encantar o Mundo. Planta de bolbo, reproduz-se como se fosse selvagem e deixa-se colher como se fosse dócil. Cultura ponderada e minuciosa (clicar). Entre raízes, bolbo (caule), folhas e flores, só desta há aproveitamento. Três estigmas por flor. 



A cultura sendo recente - primeira colheita em setembro/outubro de 2018 - deseja-se que tenha Futuro. Quer-se que haja sucesso, no «Lagar do Clavijo» (clicar).



A planta é resistente, pode ser utilizada, como flor, para embelezar jardins e vasos. Como especiaria apenas é utilizada uma ínfima parte - os três estigmas (órgão feminino da planta que retém o pólen vindo dos três estames).


A - Bolbo; III - Corola com pétalas; 1/2 - Estames; 3 - Estigmas (utilizados como especiaria)

Antes da produção na freguesia de Montalvão - já nos arrabaldes da Salavessa - foi cultivada da Beira Alta à Beira Baixa (num texto futuro será feita a história destas tentativas portuguesas de produzir açafrão de qualidade), mas sem solos adequados como os que existem em três grandes áreas da freguesia de Montalvão, compostos por arcoses (areão) e conglomerados/cascalheiras (ponedros).


(clicar em cima da imagem para obter melhor visualização)



Além de haver mais terrenos entre Montalvão e a Salavessa existem ainda condições semelhantes na Cereijeira e no Monte do Pombo. 


Adaptação da «Carta Geológica de Portugal» à freguesia de Montalvão

Não em todas essas áreas pois o declive (inclinação) tem de ser suave. O Açafrão exige pouco em termos de composição química dos solos e condições climáticas mas não pode ser cultivado em encosta. 



O açafrão pode ser importante factor de desenvolvimento agrícola numa área tão deprimida, em termos económicos com reflexos na demografia, como Montalvão.





A cultura do açafrão - se generalizada em países asiáticos, onde a qualidade é elevada - é consumida essencialmente na Europa, para confeccionar receitas de valor acrescentado devido aos custos do açafrão. São necessárias quase 200 mil flores (100 quilos de flores) para produzir um quilo da especiaria. Cada bolbo reproduz outros bolbos sendo possível um hectare (equivalente a um campo de futebol) ter 300 mil bolbos que se multiplicam por quatro, ou seja, em média desenvolverem-se plantas para uma produção de 20 quilos por ano de açafrão para utilização como especiaria rara. Os valores variam conforme s condições do terreno e do clima, daí a importância de algumas áreas da freguesia montalvanense que devem ser do melhor que existe em Portugal, comparável à Turquia e ao Irão.  



A freguesia de Montalvão tem características agrárias que podem (e devem) ser exploradas. O açafrão é uma boa possibilidade. Como os pioneiros do açafrão em Montalvão estão a demonstrar e mostrar.



Agora surge a recompensa, agora há visibilidade, agora é notícia... agora o Mundo já sabe, o Planeta já conhece (clicar).



É sempre com regozijo saber que Montalvão continua útil para o Mundo. Seja em que for. Seja como for.

Próxima "paragem": Montalvão Capital Mundial do Açafrão


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14 fevereiro 2020

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Faço Minhas as Palavras de Faria Artur

14 fevereiro 2020 0 Comentários
NOTÁVEL PEDAGOGO MONTALVANENSE QUE SE NOTABILIZOU NOS ANOS 20 A 60 DO SÉCULO XX.



António de Matos Faria Artur um dos quatro autores do livro escolar com mais edições em Portugal: 132 entre 1931 e 1967.



Autor de centenas de textos para a escola primária eis um dos mais belos e significativos que escreveu.


Acrescento-lhe o seguinte:

           Óh! Minha eterna saudosa Montalvão
           Na mais bela rua das Almas onde nasci
           Longe tão longe mas não foi em vão
           Tanto e para ti tão perto vivi

NOTA: António de Matos FARIA ARTUR nasceu em Montalvão, cedo ficou órfão ao cuidado do tio paterno a viver em Nisa. Foi este que conseguiu interná-lo na Real Casa Pia de Lisboa. Foi nesta instituição que recebeu criteriosa educação e teve emprego toda a vida falecendo, em Lisboa, a seis dias de completar 90 anos. Sendo talvez o montalvanense mais fascinante do século XX (e um dos mais injustamente esquecidos em sete séculos de Montalvão) terá vários textos publicados em 2020 e 2021 acompanhando a sua vida, assinalando as principais efemérides, do nascimento, na Praça (depois de 1910, da República), desventuras (órfão) e venturas (casapiano a estudar e trabalhar) ao falecimento, na distante Lisboa, junto ao cemitério do Alto de São João, onde está sepultado. Fica uma resenha bio-bibliográfica publicada pela Casa Pia de Lisboa.


Páginas 89 e 90


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